Justiça

‘Conciliação’ sobre o marco temporal seguirá mesmo sem a Apib, diz Gilmar Mendes

No fim do mês, cinco representantes da entidade deixaram o colegiado, sob o argumento de que negociações sobre direitos fundamentais seriam inadmissíveis

‘Conciliação’ sobre o marco temporal seguirá mesmo sem a Apib, diz Gilmar Mendes
‘Conciliação’ sobre o marco temporal seguirá mesmo sem a Apib, diz Gilmar Mendes
Audiência de conciliação sobre Lei do Marco Temporal - 05/08/2024 STF realiza, nesta segunda (5), primeira audiência de conciliação sobre Lei do Marco Temporal. Foto: Antonio Augusto/STF
Apoie Siga-nos no

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, rejeitou paralisar os trabalhos da comissão criada pela Corte que busca uma conciliação sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas após representantes da Articulação dos Povos Indígenas, a Apib, se retirarem da negociação, no fim de agosto. 

Ao iniciar a terceira reunião do colegiado, nesta segunda-feira, o decano do STF afirmou que as conversas prosseguirão “com quem estiver à mesa” e disse considerar que nenhum integrante tem o poder de paralisar os trabalhos na comissão.

“Considero importante registrar que, para sentar-se à mesa, é necessário disposição política e vontade de reabrir os flancos de negociação, despindo-se de certezas estratificadas, de sorte a ser imperioso novo olhar e procedimentalização sobre os conflitos entre os Poderes”, continuou Mendes.

O ministro também disse aguardar que os integrantes da Apib retornem ao diálogo – por conta da ausência, a reunião desta segunda será destinada apenas a debates jurídicos.

“Não podendo manietar os mediadores e conciliadores, apenas vocalizando ou monopolizando o discurso, ou assumindo posições políticas dissociadas das discussões jurídicas que devem nortear esta comissão”, emendou o magistrado.

Gilmar Mendes é relator de ações que pedem a inconstitucionalidade da Lei do Marco Temporal, aprovada no Congresso Nacional mesmo após o STF invalidar a tese. A regra, defendida por ruralista, define que indígenas só podem reivindicar a demarcação de terras que eram ocupadas pelos povos originários durante a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

Os trabalhos da comissão de conciliação tiveram início em agosto. No fim do mês, a Apib comunicou a saída dos seus cinco representantes do colegiado, sob o argumento de que “qualquer negociação sobre direitos fundamentais já seria, a princípio, inadmissível”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo