Justiça
Cerveró vai a Toffoli para anular todos os atos da Lava Jato contra ele
A defesa do ex-diretor da Petrobras pede ao ministro do STF a extensão de uma ordem que beneficiou Marcelo Odebrecht


Ex-diretor da Petrobras, o delator Nestor Cerveró recorreu ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira 26 com o objetivo de anular todos os atos da Lava Jato contra ele.
A petição protocolada pelos advogados de Cerveró pede que o ministro Dias Toffoli estenda ao ex-executivo da empresa decisões que beneficiaram Marcelo Odebrecht, em maio, e o empresário luso-brasileiro Raul Schmidt, na semana passada.
O documento se baseia em mensagens obtidas na Operação Spoofing, nas quais o então juiz Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, discutem os rumos da investigação.
Os defensores de Cerveró sustentam que ele teve seus direitos violados ao longo das apurações. Também dizem que o ex-diretor foi vítima de um conluio montado por integrantes do Ministério Público Federal e Moro.
Escreveram os advogados Alessi Fraga, Beno Braga e João Pedro Barreto: “Diante do conteúdo dos frequentes diálogos entre o ex-juiz federal e procuradores envolvidos em investigações de que resultaram as persecuções penais a que responde o ora peticionário, fica clara a mistura da função de acusação com a de julgar, corroendo-se as bases do processo penal democrático”.
Nestor Cerveró foi alvo da 8ª fase da Lava Jato. O executivo foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e participação na organização criminosa que teria desviado mais de 20 bilhões de reais da Petrobras e patrocinado partidos e campanhas políticas, segundo o MPF.
Ficou preso em Curitiba por pouco mais de um ano e deixou a cadeira após fechar uma delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Pelo acordo, o ex-diretor devolveu cerca de 18 milhões de reais à Petrobras.
Caso Toffoli não atenda ao pedido para estender os efeitos da decisão que beneficiou o ex-presidente da Odebrecht, a defesa de Cerveró requer que o ministro conceda uma ordem de ofício, ou seja, de iniciativa própria, para anular todos os atos da Lava Jato contra ele.
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