Justiça

Bolsonaro e aliados confessaram trama golpista em reunião ministerial, sustenta Moraes em voto

O relator afirma que o encontro em julho de 2022 não foi um ato de governo, mas uma preparação para golpe de Estado

Bolsonaro e aliados confessaram trama golpista em reunião ministerial, sustenta Moraes em voto
Bolsonaro e aliados confessaram trama golpista em reunião ministerial, sustenta Moraes em voto
O ministro Alexandre de Moraes no 3º dia de julgamento da trama golpista. Foto: Rosinei Coutinho/STF
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O ministro Alexandre de Moraes prosseguiu nesta terça-feira 9 a leitura de seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados acusados de integrar a trama golpista. O relator destacou a reunião ministerial de 5 de julho de 2022 como um dos momentos centrais da organização criminosa. Para Moraes, o encontro, realizado às vésperas das eleições, teria sido uma confissão do grupo sobre o plano de ruptura democrática.

“Não foi uma reunião ministerial, foi uma reunião golpista”, avaliou o relator do caso ao citar que o encontro, segundo a investigação, buscou arregimentar servidores e autoridades para a tentativa de golpe. “Não há confissão maior”, disse Moraes ao mencionar que o próprio teor da reunião comprova a unidade de propósitos entre os réus.

Para sustentar sua afirmação, o ministro citou diversas declarações dadas por Bolsonaro, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno durante o encontro. Todas as falas, conclui, vão no mesmo sentido: preparar ações contra a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal. Entre os registros mencionados, está o que Heleno afirma que “se tiver que virar a mesa, tem que ser antes das eleições” e frase em que Bolsonaro diz estar em “guerra”.

O ex-presidente, lembra ainda Moraes, atacou diretamente ministros do STF, acusando-os de corrupção sem apresentar provas. O relator ressaltou que, indagado em interrogatório, Bolsonaro admitiu não ter nenhuma evidência para as acusações, mas afirmou que faria as mesmas insinuações contra outros ministros. “Mais do que ofender pessoalmente, o objetivo era descredibilizar o Judiciário como um todo”, disse Moraes.

Na mesma reunião, Anderson Torres endossou os ataques de Bolsonaro e revelou que montou um grupo de policiais federais para atuar “de forma mais incisiva” durante as eleições. Para Moraes, esse planejamento se materializou no segundo turno, em 30 de outubro de 2022, quando a Polícia Rodoviária Federal tentou dificultar o acesso de eleitores às urnas em algumas regiões do País.

O relator também relembrou a fala de Augusto Heleno, que disse ser necessário “agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”. Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, completou o discurso dizendo que estava “na linha de frente” para combater os supostos inimigos.

Para Moraes, todas essas declarações confirmam a articulação que resultaria na chamada “minuta do golpe”, documento que previa prisões, fechamento do TSE, criação de uma comissão eleitoral e até um gabinete de crise pós-golpe.

[Essa reunião] Talvez entre para a história como um dos maiores entreguismos nacionais. Mas, na verdade, revelou-se uma preparação para transformar o Brasil em colônia não mais de Portugal, mas de um golpe contra a própria democracia”, afirmou, em uma referência indireta a articulação de Eduardo Bolsonaro contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.

O julgamento continua na Primeira Turma do STF. Assista ao vivo:

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