Moro não é terceira via, é o bolsonarismo sem Bolsonaro

O ex-juiz é uma fração do mesmo bloco de poder, a expressar tudo o que a elite aporofóbica deste país é: racista, classista e preconceituosa

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Foto: Eduardo Matysiak/AFP

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Em recentes declarações à revista Veja, Sergio Moro teceu comentários a advogados que criticaram a atuação dele enquanto juiz. Moro atacou especialmente o Grupo Prerrogativas, dizendo, entre outros absurdos, que os profissionais que o integram trabalham pela impunidade de corruptos. O discurso, por sua agressividade e total descompasso com a realidade, não pode ficar sem resposta, e é por isso que ocupo este espaço para refutá-lo.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que a fala do ex-juiz revela uma grave deficiência cognitiva em uma área do conhecimento que ele deveria dominar. A crítica feita por ele demonstra desconhecimento do que sejam a advocacia, os direitos e o Direito. Qualquer estudante de primeiro ano de Direito sabe que advogado nenhum defende corrupto ou bandido, defende os direitos da pessoa – veja, nem a conduta nem a pessoa, mas os direitos dela. Direitos que qualquer um, mesmo tendo cometido crime, possui, pelo simples fato de ser humano. Relacionar a advocacia à defesa de crimes revela uma interpretação anti-humanista do Direito, que Moro reproduziu enquanto juiz, atuando contra os direitos dos acusados que julgou.

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1 comentário

SERGIO MAURICIO BERNARDES 24 de janeiro de 2022 00h54
Ao meu ver, o ex-juiz Sérgio Moro demonstra um comportamento, que na verdade, era uma estratégia previamente planejada: Tirar um oponente forte da disputa eleitoral para presidencia disputar o pleito com a alcunha de justiceiro e depois de ganhar a presidência, implementar um governo moralista. A situação mudou, mas ele mantém o seus propósitos.

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