Justiça

Barroso derruba condenação contra Furacão 2000 por ‘tapinha não dói’

Em 2015, o grupo foi condenado a pagar 500 mil reais por danos morais difusos, por supostamente incitar violência contra mulheres

Barroso derruba condenação contra Furacão 2000 por ‘tapinha não dói’
Barroso derruba condenação contra Furacão 2000 por ‘tapinha não dói’
Foto: Carlos Moura/SCO/STF
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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, derrubou uma decisão da Justiça Federal da 4ª Região contra a produtora Furacão 2000 Produção Artística Ltda. pela produção da música Tapinha (do refrão “tapinha não dói”), interpretada por Mc Naldinho e Mc Bella. A decisão foi assinada na quinta-feira 28, dia em que o magistrado assumiu a presidência da Corte.

Em 2015, o grupo foi condenado a pagar 500 mil reais por danos morais difusos, por supostamente incitar violência contra mulheres. A condenação foi solicitada em ação ajuizada pela ONG Themis – Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero e pelo Ministério Público Federal contra a produtora e a União.

À época, as entidades alegaram que a letra da música banaliza a violência contra a mulher.

Segundo Barroso, a decisão da 1ª instância desrespeitava o entendimento firmado pelo Supremo em decisões anteriores. A jurisprudência consolidada, sustentou o ministro, estabelece que ao avaliar uma obra, deve-se adotar a interpretação que melhor prestigie sua liberdade de expressão.

“Se houver alguma forma de interpretar a produção artística de modo a preservar sua dimensão de legítima manifestação cultural, sua veiculação não deve ensejar [possibilitar] a responsabilidade civil de seu titular”, escreveu Barroso, ressaltando que a canção também pode ser analisada como “expressão de afronta à repressão sexual e defesa do empoderamento feminino“.

Na decisão, o magistrado também menciona a perseguição sofrida pelo funk e pondera não ser correto avaliar uma música de 2002 com os olhos de hoje, sob risco de “anacronismo”.

“O funk, gênero musical nascido nas favelas do Rio de Janeiro, é constantemente alvo de preconceito, repressão e censura. O mesmo ocorreu no passado com outras manifestações culturais que se originaram na comunidade negra, como o samba, a capoeira e o rap.”

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