Justiça

As chances dos EUA colaborarem em uma possível extradição de Ramagem, segundo jurista

Para Márlon Reis, o futuro do deputado dependerá do peso político da condenação e da relação entre os governos brasileiro e norte-americano

As chances dos EUA colaborarem em uma possível extradição de Ramagem, segundo jurista
As chances dos EUA colaborarem em uma possível extradição de Ramagem, segundo jurista
Rio de Janeiro (RJ) 17/07/2024 – O delegado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) e pré-candidato à Prefeitura do Rio, presta depoimento na Polícia Federal, que investiga possível uso ilegal de sistemas para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Uma eventual extradição do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — que teve a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira após fugir para os Estados Unidos — dependerá, sobretudo, da “qualidade das relações político-diplomáticas” do país com o Brasil, avalia o jurista Márlon Reis, idealizador da Lei da Ficha Limpa.

Ramagem foi sentenciado a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. Ele estava proibido de deixar o país e obrigado a entregar o passaporte, mas uma reportagem do PlatôBr flagrou o parlamentar hospedado em um hotel de luxo em Miami.

O fator político-diplomático ao qual Reis faz menção envolve a postura do país chefiado por Donald Trump no processo de extradição contra o blogueiro Allan dos Santos – a solicitação foi enviada aos norte-americanos em 2023, mas nunca avançou. A articulação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos EUA desde março, também é outro elemento que impacta nessa equação.

Reis pondera, contudo, que peso da condenação de Ramagem por crimes diretamente ligados ao ataque às instituições democráticas pode alterar a postura do governo americano. “Cada processo tem sua dinâmica própria, e o custo diplomático de abrigar um condenado por crimes contra a democracia também pesa”, afirmou o jurista em conversa com CartaCapital.

A Polícia Federal investiga se Ramagem deixou o Brasil clandestinamente pela fronteira terrestre antes de rumar para os EUA.

Deputados do PL e até mesmo integrantes da defesa do parlamentar afirmam, sob reserva, que sequer foram informados da viagem ao país. O líder do seu partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), telefonou para ele diversas vezes desde que a fuga veio à tona, mas não foi atendido.

“Ainda que exista um histórico recente de hesitação em casos envolvendo figuras ligadas ao bolsonarismo, não há garantia de que a postura continuará sendo a mesma indefinidamente”, pontuou Reis. “Há uma ordem de prisão em vigor e seu nome certamente será incluído na lista vermelha da Interpol, o que reduzirá drasticamente sua mobilidade internacional”.

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