Justiça
Ministro do STJ critica ações em SP e diz ser esperado que cidadãos tenham receio de policiais
‘Não sentir certo incômodo ao ver autoridade policial é lutar contra os fatos’, afirmou Sebastião Reis Júnior


O ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião Reis Júnior criticou, em sessão nesta terça-feira 3, ações da Polícia Militar de São Paulo. Segundo ele, episódios recentes reforçam a sensação de “incômodo” de cidadãos ao verem a aproximação de uma autoridade policial.
Reis Júnior mencionou especificamente dois episódios: a conduta de um PM que arremessou um homem de uma ponte em uma abordagem na zona sul da capital paulista e o caso do policial militar que matou um homem negro com tiros pelas costas em um supermercado na mesma região.
A Sexta Turma do STJ discutia nesta terça um processo de 2019 em Salvador (BA) no qual os agentes justificaram uma abordagem sob a alegação de que o suspeito teria demonstrado “nervosismo”.
“A questão do nervosismo é subjetiva”, observou o ministro. “Sejamos verdadeiros. Quem não vai sentir hoje, principalmente em regiões menos favorecidas, um certo nervosismo ao ver uma autoridade policial?”
Na sequência, Reis Júnior citou a postura dos agentes que atiraram um homem de uma ponte em São Paulo.
“Quatro policiais cercando um cidadão e um deles simplesmente joga essa pessoa de cima de uma ponte. Uma situação que o próprio governo paulista, o próprio secretário de Segurança, reconhece absurda. Não havia motivo para isso, a pessoa estava dominada”, prosseguiu. “Em um quadro como esse, um cidadão, infelizmente, não sentir receio ou certo incômodo ao ver autoridade policial é lutar contra os fatos.”
A Secretaria de Segurança Pública do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) informou que 13 agentes, incluindo dois sargentos, serão afastados das ruas até o fim das investigações. Todos estão lotados no 24º Batalhão da PM, em Diadema, na região metropolitana da capital.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Comandante da PM de SP chama de ‘erro emocional’ ação de policial que atirou homem de ponte
Por CartaCapital
Policial que matou homem negro com tiro pelas costas é afastado em São Paulo
Por CartaCapital