Justiça

APIB vai ao MPF contra Funai por abandono de 239 territórios indígenas não homologados

Para a entidade, postura da fundação indigenista legaliza a postura de ‘defesa mínima’ em prol da agenda anti-indígena de Jair Bolsonaro

APIB vai ao MPF contra Funai por abandono de 239 territórios indígenas não homologados
APIB vai ao MPF contra Funai por abandono de 239 territórios indígenas não homologados
Indígenas acampados em Brasília protestam contra a demarcação de terras. Foto: CARL DE SOUZA / AFP
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Na última sexta-feira 12, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a exclusão de medidas protetivas da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Terras Indígenas não homologadas.

O ofício, assinado no dia 29 de dezembro de 2020 pelo Coordenador-Geral de Monitoramento Territorial Alcir Amaral Teixeira, restringe as atividades do órgão às TIs homologadas, que estejam em fase demarcatória ou são alvo de ação judicial ‘devidamente informada’. Com isso, a medida excluí cerca de 239 territórios tradicionais e 114 povos em isolamento voluntário, o que corresponde a 28% do total de Terras indígenas do País.

O documento orienta que coordenações regionais, serviços de gestão ambiental e a coordenação técnica encaminhem informações sobre crimes ambientais e contra as comunidades aos órgãos competentes – neste caso a Polícia Federal, Militar, Civil e o IBAMA.

“Com este ato inconstitucional, o Governo Bolsonaro e sua corte chancela e expõe de vez os povos indígenas a todo tipo de violência cometida pelas diversas organizações criminosas que continuam a invadir os territórios indígenas: grileiros, madeireiros, pecuaristas, garimpeiros, mineradoras, arrendatários, enfim, empresas e corporações que visam explorar economicamente os territórios indígenas”, alerta a Apib em nota de repúdio sobre a medida.

Além da revogação do ofício, a entidade também solicita ao MPF que seja instaurado um inquérito civil contra Alcir Teixeira, no intuito de investigar possíveis crimes administrativos cometidos contra os direitos dos povos indígenas durante a gestão.

Em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a APIB reforça a inconstitucionalidade da medida restritiva, que legaliza a postura de ‘defesa mínima’ em prol da agenda anti-indígena de Jair Bolsonaro, que prega o fim das demarcações de território.

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