Justiça
A lista de processos que Marçal – mais uma vez indiciado – enfrenta na Justiça
O ex-coach foi indiciado pelo crime de uso de documento falso contra Guilherme Boulos (PSOL)


A Polícia Federal indiciou, nesta sexta-feira 8, o candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal, do PRTB, pelo crime de uso de documento falso. Marçal apresentou um laudo falso contra o adversário Guilherme Boulos (PSOL) na antevéspera do primeiro turno, em 4 de outubro.
O ex-coach prestou depoimento por cerca de 3 horas na Superintendência Regional da PF, na Zona Oeste de São Paulo, também nesta sexta. Como antes, ele negou envolvimento no caso e disse que o suposto documento foi postado pela equipe dele.
O caso se soma a uma lista de problemas que Marçal enfrenta com a Justiça. Confira:
Lavagem de dinheiro
Marçal é investigado por supostos crimes nas eleições de 2022, quando se candidatou à presidência (a candidatura, contudo, terminou barrada pelo TSE em meio a disputas internas do Pros). As suspeitas envolvem falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro. A PF suspeita que ele e seu sócio, Marcos Oliveira, tenham utilizado R$ 1,7 milhão doados à campanha para contratar serviços de suas próprias empresas. O caso está sendo conduzido em sigilo.
Homicídio privilegiado tentado
Marçal também é investigado pela Polícia Civil por colocar em risco a vida de 32 pessoas em uma expedição ao Pico dos Marins, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, em janeiro de 2022. O grupo liderado por ele foi resgatado pelos bombeiros, após a incursão na montanha de 2.420 metros de altitude – mesmo com o alerta da Defesa Civil sobre o mau tempo naquela ocasião. Marçal é investigado por suspeita de homicídio privilegiado tentado, em um inquérito conduzido na cidade de Piquete, no interior de São Paulo.
Descumprimento de medida judicial
Devido ao caso dos Marins, Marçal foi proibido pelas autoridades de realizar “qualquer atividade externa na natureza” sem autorização dos órgãos competentes, “sob o pretexto de sua atividade de coach ou em programas motivacionais”. No entanto, em maio do mesmo ano, ele participou de um reality show, criado por ele, chamado “La Casa Digital”, que reunia participantes para receberem mentoria sobre marketing digital. Um dos participantes relatou ter enfrentado situações de desrespeito e maus tratos durante sua participação, tendo sido, inclusive, submetido a “treinamentos físicos intensos”.
No final de junho, a Justiça autorizou o Ministério Público de São Paulo a investigar o possível descumprimento da medida cautelar. O caso é investigado pela Delegacia de Polícia de Itu, em São Paulo.
Pendências na Justiça Eleitoral
Só na Justiça Eleitoral, Marçal possui mais de 20 processos abertos contra ele – entre representações, notícia-crime, pedidos de direito de resposta, cumprimento provisório de sentença e pedidos de investigação eleitoral.
Um dos casos, movidos pela campanha da também também candidata Tabata Amaral (PSB), resultou numa liminar, em agosto, que determinou o bloqueio dos perfis do então candidato nas redes sociais.
O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral, mencionou indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na remuneração de usuários para produzir “cortes” e divulgá-los nas redes – o que, segundo o magistrado, parece provocar desequilíbrio em relação aos demais candidatos.
Um dos casos teve desdobramento recente, com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) de negando um pedido de suspensão da candidatura do influenciador apresentado pelo Ministério Público Eleitoral. O pedido apontava que Marçal usou estratégias ilegais de financiamento de campanha ao recrutar colaboradores para divulgar seu conteúdo online em troca de ganhos financeiros.
Pendências na Justiça comum
Marçal também responde a pelo menos outros oito processos na Justiça comum, entre eles sete na Justiça paulista e um no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, movido pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que pede indenização por dano moral.
O parlamentar sustentou na ação que, em duas entrevistas durante o mês de agosto, Marçal insinuou que Kataguiri e o Movimento Brasil Livre (MBL), do qual é um dos criadores, teriam recebido dinheiro do atual prefeito para “se curvar”, ou seja, apoiá-lo em sua candidatura à reeleição. O deputado pede R$ 50 mil em indenização, e que Marçal se retrate em seu perfil no X (antigo Twitter) e em seu canal no YouTube.
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