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Imprensa boliviana é levada à Justiça pelo governo

Governo de Evo Morales ameaça processar os meios que divulgaram “de forma maliciosa” ou distorcida declarações do presidente em relação à falta de alimentos por conta do mau tempo

José Gramunt de Moragas, após depor no tribunal. Foto: ©AFP / Aizar Raldes
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LA PAZ (AFP) – Diretores de veículos privados da imprensa boliviana foram convocados à Justiça, nesta segunda-feira 29, acusados de incitação ao racismo e à discriminação, por terem, supostamente, distorcido um discurso do presidente Evo Morales.

Segundo o governo, alguns veículos divulgaram “de forma maliciosa” declarações do presidente Evo Morales, em agosto, nas quais teria afirmado que, enquanto no altiplano pode não haver alimentos por causa das geadas, da falta de chuva ou pela queda granizo, “no leste não, só os frouxos têm fome”. Na região leste da Bolívia ficam os departamentos (equivalente aos Estados brasileiros) mais ricos do país, graças à produção de soja e gás natural, entre outras.

Os acusados, entre eles o nonagenário sacerdote hispano-boliviano José Gramunt de Moragas, diretor da agência católica de notícias Fides (ANF), foram intimados pela procuradora Claudia Pastén com a advertência de que, “em caso de desobediência, será expedido um mandado de apreensão”.

A agência local ANF e os jornais Página Siete e El Diario, o mais antigo do país, compareceram às audiências, apesar de negarem a jurisdição do tribunal comum, e pedem a entrada em vigência da lei de imprensa, que data de 1925. Protestos contra Evo Morales foram organizados pelos presidentes dos três veículos na região leste do país, onde atuam as lideranças de direita que se opõem ao governo.

“Manifestei à procuradora que não reconheço sua competência, mas respondo suas perguntas porque respeito as autoridades judiciais do país”, disse Raúl Peñaranda, diretor do Página Siete. O diretor da ANF compareceu depois, e o do El Diario se apresentará nesta terça-feira 30.

“Não cometemos erro e muito menos um crime”, ressaltou Peñaranda. Seu diário, fundado em 2010, recebeu na sexta-feira fortes críticas do vice-presidente Alvaro García, que afirmou que seus executivos estão ligados “à direita chilena”.

Relações com a Imprensa

Este episódio é apenas o mais recente das ásperas relações entre o Executivo e parte da imprensa. No final de 2011, o presidente Morales lançou uma crítica mordaz à imprensa, considerada por ele “a melhor oposição” ao seu governo.

O auge desta relação tempestuosa foi em 2010, quando manifestações convocadas pelas associações de imprensa nas principais cidades do país obrigaram o governo a garantir que uma lei antirracismo, em debate na época, não ia prejudicar as liberdades de expressão e imprensa.

Desde que assumiu, Morales, um indígena de esquerda, mantém uma difícil relação com a imprensa, principalmente com alguns meios. Um jornalista o chamou de “cruzamento de lhama com lúcifer”, enquanto radialistas de Santa Cruz consideraram “maldita” a raça aimara à qual pertence o mandatário. Mas o próprio presidente também se referiu aos jornalistas de forma ofensiva, chamando-os de “frangos” e de “coro de vuvuzelas”.

A Sociedade Interamericana de Imprensa pediu explicações ao governo boliviano por seus processos contra a imprensa, que classificou de “intimidantes”.

Mais informações em AFP Móvil

LA PAZ (AFP) – Diretores de veículos privados da imprensa boliviana foram convocados à Justiça, nesta segunda-feira 29, acusados de incitação ao racismo e à discriminação, por terem, supostamente, distorcido um discurso do presidente Evo Morales.

Segundo o governo, alguns veículos divulgaram “de forma maliciosa” declarações do presidente Evo Morales, em agosto, nas quais teria afirmado que, enquanto no altiplano pode não haver alimentos por causa das geadas, da falta de chuva ou pela queda granizo, “no leste não, só os frouxos têm fome”. Na região leste da Bolívia ficam os departamentos (equivalente aos Estados brasileiros) mais ricos do país, graças à produção de soja e gás natural, entre outras.

Os acusados, entre eles o nonagenário sacerdote hispano-boliviano José Gramunt de Moragas, diretor da agência católica de notícias Fides (ANF), foram intimados pela procuradora Claudia Pastén com a advertência de que, “em caso de desobediência, será expedido um mandado de apreensão”.

A agência local ANF e os jornais Página Siete e El Diario, o mais antigo do país, compareceram às audiências, apesar de negarem a jurisdição do tribunal comum, e pedem a entrada em vigência da lei de imprensa, que data de 1925. Protestos contra Evo Morales foram organizados pelos presidentes dos três veículos na região leste do país, onde atuam as lideranças de direita que se opõem ao governo.

“Manifestei à procuradora que não reconheço sua competência, mas respondo suas perguntas porque respeito as autoridades judiciais do país”, disse Raúl Peñaranda, diretor do Página Siete. O diretor da ANF compareceu depois, e o do El Diario se apresentará nesta terça-feira 30.

“Não cometemos erro e muito menos um crime”, ressaltou Peñaranda. Seu diário, fundado em 2010, recebeu na sexta-feira fortes críticas do vice-presidente Alvaro García, que afirmou que seus executivos estão ligados “à direita chilena”.

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Este episódio é apenas o mais recente das ásperas relações entre o Executivo e parte da imprensa. No final de 2011, o presidente Morales lançou uma crítica mordaz à imprensa, considerada por ele “a melhor oposição” ao seu governo.

O auge desta relação tempestuosa foi em 2010, quando manifestações convocadas pelas associações de imprensa nas principais cidades do país obrigaram o governo a garantir que uma lei antirracismo, em debate na época, não ia prejudicar as liberdades de expressão e imprensa.

Desde que assumiu, Morales, um indígena de esquerda, mantém uma difícil relação com a imprensa, principalmente com alguns meios. Um jornalista o chamou de “cruzamento de lhama com lúcifer”, enquanto radialistas de Santa Cruz consideraram “maldita” a raça aimara à qual pertence o mandatário. Mas o próprio presidente também se referiu aos jornalistas de forma ofensiva, chamando-os de “frangos” e de “coro de vuvuzelas”.

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