Mundo

Empresas americanas reagem a Trump

O Vale do Silício toma a dianteira pela proteção a imigrantes e refugiados nos Estados Unidos

Apoie Siga-nos no

Após Donald Trump anunciar na sexta-feira 27 o fechamento das fronteiras dos Estados Unidos a refugiados e alguns imigrantes, o silêncio do maior polo tecnológico do mundo sobre o novo ocupante da Casa Branca foi rompido.

No mesmo dia, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, bisneto de imigrantes cuja esposa é filha de refugiados, postou um texto em sua rede social afirmando que a questão, para ele, é muito além da pessoal, e narra um episódio em que lecionou em uma escola de ensino fundamental em que muitos de seus melhores estudantes não tinham documentos legais.

“Eles são o nosso futuro, também. Nós somos uma nação de imigrantes, e todos nós nos beneficiamos quando os melhores e mais brilhantes de todo o mundo podem viver, trabalhar e contribuir aqui”, afirmou o fundador do Facebook.

Sundar Pichai, executivo-chefe do Google de origem indiana, também se manifestou prontamente, enviando uma nota de apoio a todos os funcionários da empresa. Cerca de 100 deles devem ser diretamente afetados.

Em seguida, diversas empresas também se manifestaram contrariamente à medida que impede imigrantes do Iraque, Irã, Sudão, Somália, Síria, Iêmen e Líbia, todos de maioria muçulmana, de entrarem nos Estados Unidos temporariamente. Refugiados de todas as nacionalidades estão banidos por tempo indeterminado.

A decisão foi anunciada dois dias após Trump ordenar a construção de um muro na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes latino-americanos. Segundo o presidente, fechar as fronteiras dos EUA é uma forma de “proteger o povo norte-americano de ataques de estrangeiros admitidos nos Estados Unidos”.

Desde sábado, ao menos cinco passageiros iraquianos e um iemenita foram impedidos de embarcar em voos para os EUA. Todos eles tinham solicitações de asilo aprovadas antes da posse de Trump, na semana passada.

Na madrugada de domingo, um protesto no aeroporto de São Francisco reuniu dezenas de manifestantes contra a medida. Sergey Brin, o russo naturalizado americano e cofundador do Google, foi um dos que compareceu ao ato, e afirmou: “Estou aqui porque sou um refugiado a mais”. Sam Altman, dono da Y Combinator, uma das principais incubadoras de startups do mundo, também esteve no protesto.

Reed Hastings, fundador da Netflix, disse que “estas medidas fazem com que a América seja menos segura, gera ódio e perda de aliados”. Jack Dorsey, cofundador do Twitter, disse que as repercussões eram “reais e tristes”. “Mal orientado”, disse a Microsoft. “Ignora a história”, disse a Mozilla. “Nós não apoiamos essa política”, disse a Apple.

Outras empresas, além de se posicionarem, colocaram seus serviços à disposição de refugiados e imigrantes. A rede Starbucks promete contratar dez mil refugiados nos próximos cinco anos. O AirBnB ofereceu alojamento em suas mais de três milhões de casas catalogadas.

Empresas de fora do ramo da tecnologia também se uniram ao coro. A Corona lançou um comercial criticando o muro de Trump na fronteira com o México e exaltando o orgulho latino.

Assista à mais recente campanha da Corona contra Trump, com legendas em espanhol:

O apoio também é politico, especialmente da costa oeste, historicamente mais alinhada à agenda progressista e aos Democratas, partido de Barack Obama, Hillary Clinton, Jerry Brown, Bill de Blasio e Eric Garcetti. 

Brown, governador da Califórnia, já havia se manifestado em favor dos imigrantes diversas vezes. Garcetti, prefeito de Los Angeles, garantiu que LA continuará aberta a todos “sem importar com o que aconteça em Washington, DC”. Outras quatro cidades californianas  São Francisco, Oakland, San José e Berkeley  assinaram uma carta contra o decreto de Trump.  

A Califórnia é conhecida por ser um “santuário” para imigrantes e refugiados ilegais, bem como Nova York, cidade da outra costa, em que seu prefeito, Bill de Blasio, afirmou que protegerá “todo nosso povo sem se importar de onde vem e sem importar seu status migratório”. 

Enquanto há mobilização de empresas multimilionárias e políticos de grandes estados, outros cidadãos também fazem sua parte. Houve protestos em Boston, nos aeroportos de São Francisco e Nova York, onde taxistas se recusaram a levar muçulmanos para serem deportados. 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.