Esporte

‘Entre 400 e 500’ trabalhadores morreram nas obras da Copa, diz chefe da organização

Levantamento feito por jornal britânico aponta 6.500 mortes relacionadas às construções para o Mundial

‘Entre 400 e 500’ trabalhadores morreram nas obras da Copa, diz chefe da organização
‘Entre 400 e 500’ trabalhadores morreram nas obras da Copa, diz chefe da organização
Secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado do Catar, Hassan Al Thawadi admitiu pela primeira vez que o número de operários mortos nas obras da Copa passou de 400. Foto: AFP
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O secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado do Catar, Hassan Al-Thawadi, afirmou em entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan que “entre 400 e 500” trabalhadores migrantes morreram durante a construção da infraestrutura para a Copa do Mundo de 2022. 

A estimativa apresentada pelo chefe da organização é maior do que o registrado nos documentos oficiais do país do Golfo Pérsico, a apontarem 40 mortes relacionadas diretamente ao trabalho nos canteiros de obras. 

“A estimativa é de cerca de 400, entre 400 e 500”, disse Al-Thawadi. “Não tenho o número exato. Isso é algo que tem sido discutido.”

Na entrevista, publicada na última terça-feira 29, o secretário-geral ainda apontou que os relatos de más condições de trabalho seriam “uma armação”, vista por ele como uma perseguição da mídia ocidental. 

A divergência entre os números de mortos apontados pelo dirigente e por organizações internacionais é enorme. 

Segundo o jornal britânico The Guardian, pelo menos 6.500 pessoas teriam morrido nos canteiros de obras da Copa do Mundo do Catar.

Entre as causas das mortes estão lesões, quedas de grandes alturas, sufocamento por enforcamento e causas indeterminadas devido à decomposição em razão das altas temperaturas. Outras causas, apontada por dados oficiais como “naturais”, são atribuídas a insuficiência cardíaca ou respiratória aguda.

Segundo dados obtidos pelo Guardian, 69% das mortes classificadas como “naturais” escondem as péssimas condições de trabalhos a que esses estrangeiros são expostos.

Questionado pelo jornalista, Al-Thawadi concordou que as condições de trabalho no emirado não eram as ideais, mas apontou mudanças na situação dos trabalhadores. 

“Nós mesmos percebemos isso, antes mesmo de tentarmos ganhar a Copa do Mundo. Essa percepção decorre de nossos próprios valores. Melhorias foram feitas em termos de saúde e segurança, acomodações e eliminação do sistema kafala”, relata.

Em maio, a Anistia Internacional e mais nove grupos de direitos humanos pediram coletivamente à FIFA a criação de um fundo de 440 milhões de dólares para indenizar trabalhadores migrantes e suas famílias.

O valor é o mesmo que a FIFA destinará à premiação das seleções que disputam o Mundial. Até o momento, a entidade máxima do futebol não se pronunciou sobre o assunto.

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