Cultura

Letticia Munniz: ‘Demorei 10 anos para passar em um teste porque meu corpo não servia’

Apresentadora e modelo conta como a ‘romantização da magreza’ na mídia foi um dos fatores para o seu transtorno alimentar; hoje ela está em um programa dominical

A apresentadora e modelo Letticia Munniz. Foto: Catarino
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Apresentadora, modelo e ativista body positive, Letticia Munniz diz ter levado 10 anos para receber o seu primeiro “sim” em um teste. Hoje, ela aparece no Domingão do Huck, programa de auditório da TV Globo, ao lado do apresentador Luciano Huck, para divulgar marcas e atrações.

Natural de Vitória, no Espírito Santo, Munniz tem 33 anos, mora em São Paulo e tem quase um milhão de seguidores no Instagram. Rotineiramente, ela publica fotos e vídeos que enaltecem o corpo como ele é.

Em entrevista a CartaCapital, a apresentadora contou que sempre quis trabalhar como comunicadora e chegou a se formar em Rádio e TV, mas a falta de representatividade de pessoas gordas na mídia fazia com que o sonho parecesse muito distante. Foi assim que começou a sua compulsão pela magreza.

Ela diz que o seu transtorno alimentar começou aos 10 anos. Ao longo do tempo, recorreu a diversas medidas drásticas para “entrar em forma”: ficava de jejum, exagerava nos exercícios físicos e tomava remédios tarja preta sem receita. Nem desta forma ela ouvia o esperado “sim”.

“Eu demorei 10 anos para o meu primeiro ‘sim’ porque o meu corpo não servia. Não porque eu não era boa, mas pela minha aparência”, afirma ela.

A chance na Globo veio em 2021, após ela ter notado que a perseguição à magreza havia lhe levado a um problema de saúde. Algo irônico, em uma sociedade que associa os corpos magros a uma vida saudável.

Munniz conta que, ao aparecer na televisão nas primeiras vezes, chegou a receber um telefonema de uma ex-apresentadora que disse ter ficado aliviada ao vê-la. A telespectadora relatou ter ficado oito anos em busca do padrão corporal imposto pela televisão. Outras seguidoras também contam histórias que decorrem do papel representativo que a apresentadora do Domingão executa.

Na entrevista, a modelo plus size diz que há uma espécie de “romantização da magreza” por trás da suposta preocupação com a saúde que muitas pessoas expõem ao se depararem com alguém gordo.

Quando ela vivia um transtorno alimentar, foi muito elogiada pela magreza. Após superar o problema, voltou ao peso normal e começou a receber críticas, muitas delas associadas com o argumento da saúde.

Dizem: Ah, vocês estão romantizando a obesidade. Ninguém está dizendo: vem ser gordo você também. As pessoas gordas sofrem preconceitos, têm direitos privados ao não caber numa cadeira, ao não conseguir fazer um exame porque não têm um aparelho, porque não têm uma maca que suporte o peso dela. Essas pessoas querem ter o direito de existir e de fazer isso em paz, porque ninguém está se preocupando com a saúde dessa pessoa”, diz.

Hoje, a apresentadora afirma estar focada nas suas aulas de teatro para consolidar a sua carreira como atriz. Seu desejo é estar em papéis para “pessoas” e não para “pessoas gordas”, interpretando a protagonista de um par romântico, a famosa Dona Helena e tantos outros espaços que sempre foram ocupados por mulheres magras.

A íntegra da entrevista está na aba de vídeos do Instagram.

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