Entrevistas

Claudia Ohana: ‘Atacar a arte é uma forma de calar a boca da sociedade’

Em entrevista a CartaCapital, atriz avaliou a situação dos artistas no governo Bolsonaro e falou sobre os seus grandes personagens no cinema e na TV

A atriz Claudia Ohana. Foto: Reprodução/Instagram
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Rosto de personagens marcantes no cinema, na televisão e no teatro, a atriz Claudia Ohana diz ter sentido uma espécie de apedrejamento aos artistas durante os anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista a CartaCapital, ela mencionou críticas a supostos privilégios da Lei Rouanet aos profissionais da cultura e afirmou ter observado uma tentativa de, na verdade, restringir a liberdade de expressão e de registro dos fatos.

“Nós atores fomos muito apedrejados, sem dúvidas. Lei Rouanet, vocês estão mamando na teta… Eu não sei até hoje onde está essa teta”, brincou a atriz. “O artista representa a liberdade. Então, atacar a arte é uma forma de calar a boca de toda uma sociedade. Pela arte, você conta a história de um momento do país.”

Para ela, contudo, a mobilização contrária ao trabalho dos artistas não conseguiu calá-los. “A gente é mais forte do que isso.” A atriz disse, ainda, ter sentido raiva e vontade de discutir em diferentes momentos, mas se mostrou otimista com o atual cenário político.

“Eu tenho certeza de que isso vai passar. Já está passando”, completou.

Filha da atriz e montadora de filmes Nazareth Ohana, Claudia iniciou a sua carreira muito cedo nas telonas e logo brilhou na TV. Durante a entrevista, ela contou curiosidades sobre longas-metragens em que foi protagonista, como Erendira (1983) e Luzia Homem (1988), além das experiências de ter vivido personagens como a vampira Natasha da novela Vamp (1991), a vilã Isabela de A Próxima Vítima (1995), a caminhoneira Cida de A Favorita (2008) e a cantora Maria Callas no teatro.

“A minha casa é o cinema. Amo, vejo e entendo muito mais do que o teatro. Mas é indiscutível que o ator, no palco, se torna mais forte. Na câmera, é muito mais sutil”, pontua

Claudia também falou sobre o privilégio de ter contracenado com grandes atores como José Wilker e Marília Pêra.

“Eu já conhecia o Wilker antes, ele foi namorado da minha mãe, a gente fez Fera Ferida [novela de 1993], mas ele não falava muito comigo. Quando comecei a gravar A Próxima Vítima, a primeira cena era com ele, na mesa da cozinha, fazendo sexo. Eu falei, cara, que medo… Mas vou fundo. E realmente, foi um dos melhores parceiros de cena. Ele era incrível”, comentou a atriz. “E a Marília dava medo. Ela era muito rígida no texto. (…) A Marília me abriu uma porta do teatro que foi, uau, para a vida. Ela era muito inteligente.”

Ao longo do tempo, Claudia passou a dar aulas de interpretação e chegou a trabalhar como diretora em um curta-metragem. Na entrevista, ela falou sobre a posição da mulher em cargos de poder.

“Ser mulher, em qualquer situação de liderança, você tem que falar um pouco mais alto”, contou. “Você tem que seduzir a equipe para que ela esteja com você. E você tem que saber o que quer. É uma questão de força, tem que ter segurança.”

A íntegra da entrevista está disponível no perfil de CartaCapital no Instagram, na aba de vídeos.

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