Educação

Weintraub rebate entidades judaicas: “Tenho direito de falar do holocausto”

O ministro vem sendo criticado por comparar ações do inquérito das fake news, do STF, às perseguições sofridas por judeus durante o nazismo

O ministro da Educação, Abraham Weintraub (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
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O ministro da educação Abraham Weintraub voltou a comparar a operação de busca e apreensão da Polícia Federal, dentro do inquérito das fake news, a perseguições sofridas por judeus durante o nazismo. Em recente publicação em suas redes sociais, o ministro usou uma foto de judeus para criticar a operação e questionar a liberdade de expressão dos envolvidos. “Primeiro, prenderam quem defendia a liberdade”, escreveu. “Liberdade de expressão? de opinião, de pensamento, de expressão? Bobagem, peguem a senha e aguardem na fila”, completou.

Weintraub segue condenando a operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal na quarta-feira 27 que envolveu empresários e apoiadores do presidente. Entre os alvos, aliados do presidente Jair Bolsonaro, como o ex-deputado federal Roberto Jefferson; o empresário Luciano Hang, dono da Havan; e os blogueiros Allan dos Santos e Winston Lima. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga “notícias fraudulentas”, ofensas e ameaças que “atingem a honorabilidade e a segurança” da Corte, de seus membros e de familiares.

Parlamentares também são alvo da investigação. Os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG) e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP) serão ouvidos no inquérito por determinação do ministro do STF. Integram a lista os deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP).

Comunidades judaicas reagiram às publicações

O ministro também rebateu as manifestações contrárias às suas publicações feitas por comunidades judaicas. “Tenho direito de falar do holocausto! Não preciso de mais gente atentando contra a minha liberdade”, escreveu em publicação feita na quinta-feira 28.

Entidades judaicas condenaram a atitude do ministro da educação desde que ele fez a primeira publicação da série associando a operação da Polícia Federal à Noite dos Cristais, episódio que marcou o início do Holocausto. A publicação foi feita em suas redes sociais na quarta-feira 27.

 

O Comitê Judaico Americano, uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, afirmou, pelo Twitter, que o governo brasileiro “precisa parar imediatamente”. “O repetido uso político de termos referentes ao Holocausto por parte de membros do governo brasileiro é profundamente ofensivo à comunidade judaica e um insulto às vítimas e sobreviventes do terror nazista”.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também se pronunciou por meio de nota afirmando que a comparação de Weintraub é “totalmente descabida e inoportuna” e minimiza “de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de seis milhões de judeus, além de outras minorias”. Para a entidade, “não há comparação possível”, já que as ações do inquérito “se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso”.

O coletivo Judeus pela Democracia também se posicionou sobre o caso em suas redes sociais criticando a comparação feita pelo ministro. “A Noite dos Crsitais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas “noites dos cristais” aconteçam com outros povos e pessoas”, escreveu.


Soma à lista de reações negativas o Museu do Holocausto de Curitiba que considerou a analogia de Weintraub como “inoportuna”. A instituição ainda ofereceu materiais de leitura para ampliar os conhecimentos sobre a Noite dos Cristais.

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