Educação

USP ameaça alunos com reprovação em massa caso greve continue

Estudantes realizarão ato na Reitoria quinta-feira 26, às 14h, para pressionar pela retirada imediata da medida

USP ameaça alunos com reprovação em massa caso greve continue
USP ameaça alunos com reprovação em massa caso greve continue
Foto: Carolina Borin
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Nesta terça-feira 24, a Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo (USP) enviou um comunicado aos diretores das suas unidades informando que passaria a considerar como falta o período de paralisação por greve estudantil. O comunicado avisa aos responsáveis pelas unidades das mudanças no sistema digital usado por professores para registro de presença dos alunos.

Na prática, a medida da Pró-Reitoria significa que todos os alunos de institutos que continuarem em greve na próxima semana serão reprovados em todas as disciplinas. Isso porque, com a medida adotada na terça, o máximo de presença que o sistema permitirá será de 68%, abaixo, portanto, do mínimo de 70% necessário para a aprovação.

O impacto é ainda mais grave para aqueles cursando o primeiro período na Universidade. Eles, pelas regras, ficarão impedidos de seguirem em seus cursos caso a reprovação geral se efetive.

Como não ter mais de uma reprovação é critério para manutenção das bolsas para alunos de baixa renda, esses estudantes também correm riscos com a nova medida.

Procurada por CartaCapital, a USP reforça a adoção da medida, mas alega que “por enquanto” nenhum aluno foi afetado, já que “nenhuma unidade está nessa situação” de 6 semanas de paralisação. Em nota, o reitor Carlos Gilberto Carlotti afirma que ‘com a volta às aulas, não há risco de que alunas e alunos venham a ser prejudicados’ – ou seja, o fim da greve é condição para a não reprovação. Até o momento, seguem paralisados os cursos de Letras, Ciências Sociais, Geografia, a Escola de Arte Dramática, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (campus USP Leste).

Medida vai contra acordo com estudantes

A iniciativa contraria um compromisso assumido pela reitoria em reunião com a comissão de greve no dia 10 de outubro, quando a USP afirmou que não promoveria uma represália política aos estudantes envolvidos na mobilização.

A paralisação, que se encaminha para a sexta semana, reivindica contratação imediata de professores, reajuste das políticas de permanência para alunos de baixa renda, melhorias na estrutura e a instituição de um vestibular indígena.

A presidente da Associação dos Docentes da USP, Michelle Schultz, caracteriza a ação como uma tentativa de criminalizar e reprimir o movimento estudantil e sindical. “Se a reitoria defende a democracia, isso deve valer também nas suas práticas internas”, comenta a professora.

Diante do anúncio da decisão desta terça-feira, o Diretório Central dos Estudantes convocou um protesto em frente à reitoria durante o Conselho de Graduação, marcado para a tarde desta quinta-feira 26.

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