Educação

Secretário de Educação em SP mantém via offshore ações de empresa contratada pela pasta

O deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) enviou um ofício ao TCE sob a alegação de conflito de interesses

Secretário de Educação em SP mantém via offshore ações de empresa contratada pela pasta
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O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder. Foto: Reprodução/TV Paraná Turismo
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O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, recém-empossado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ainda é acionista de uma empresa que tem cerca de 200 milhões de reais em contratos com a pasta, por meio de uma offshore. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira 5 pelo site Metrópoles.

A empresa é a Dragon Gem LLC, sediada no estado norte-americano de Delaware e que detém 28,16% das ações da Multilaser Industrial S/A, principal fornecedora de equipamentos de informática da Secretaria da Educação no governo paulista. Entre 2021 e 2022, nas gestões tucanas de João Doria e Rodrigo Garcia, a companhia recebeu um total de 192 milhões de reais em contrato com a pasta.

A reportagem apurou que na última divisão de dividendos para acionistas, em maio do ano passado, a Dragon Gem LLC recebeu 28,4 milhões de reais. O tio do secretário, Edward James Feder, detém 6% das ações da Multilaser.

Feder, que foi CEO da Multilaser por 15 anos (entre 2003 e 2018), anunciou que deixaria o cargo no conselho de administração da Dragon quando foi indicado por Tarcísio. Disse ainda que, enquanto for secretário, a empresa não fechará contratos com o governo de São Paulo.

Em dezembro, no entanto, a menos de dez dias da posse, a Seduc-SP fechou três novos acordos com a empresa para fornecimento de quase 97 mil laptops, além de manutenção das máquinas, até dezembro de 2023. As compras foram de 76 milhões de reais, em 21 de dezembro; 16 milhões, em 29 de dezembro; e 108 milhões, em 30 de dezembro.

Após a divulgação do caso, o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) enviou um ofício ao Tribunal de Contas do Estado pedindo a suspensão do negócio, sob a alegação de ‘conflito de interesses’. O parlamentar apontou que a empresa não cumpriu o prazo de entrega de uma compra similar feita pela Prefeitura de São Paulo e que os equipamentos apresentaram defeito.

O presidente do TCE, Dimas Ramalho, determinou investigação sobre o caso, sob o comando do conselheiro Antonio Roque Citadini. O relator deve se manifestar a respeito do pedido de Giannazi a partir da próxima segunda-feira 9.

A reportagem de CartaCapital perguntou à Secretaria de Educação de São Paulo se Feder de fato deixou o conselho de administração da companhia, conforme prometido, mas não obteve resposta.

Em nota, a pasta apenas informou que os contratos ativos com a Multilaser foram fechados pela gestão anterior. Acrescentou que Feder, empossado no dia 1º, determinou a criação de um comitê com a participação da sociedade civil para a fiscalização de todos os acordos vigentes da Seduc.

“Todos os requisitos estabelecidos pela legislação vigente foram rigorosamente cumpridos para a nomeação do secretário da Educação”, completou a pasta.

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