Roberto da Silva: da Febem à USP, uma vida de inspiração termina aos 66 anos

O pesquisador, notável expoente da defesa dos direitos de crianças e adolescentes, viu na educação a maneira de superar os estigmas do sistema carcerário

Créditos: Marcos Santos/USP Imagens

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Morreu nesta segunda-feira 18, aos 66 anos, o professor livre docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Roberto da Silva.

Defensor dos direitos humanos de crianças e adolescentes e de pessoas privadas de liberdade, o pesquisador era contra a redução da maioridade penal, e falava sobre o tema com a propriedade de quem viveu na pele as agruras do sistema socioeducativo.

Roberto passou 24 anos de sua vida sob custódia. Ainda na infância, enfrentou a separação dos pais e uma mudança repentina de São José dos Campos para São Paulo, junto da mãe e de três irmãos.

Sem apoio financeiro, a família ficou sem casa por quatro meses, momento em que Juizado de Menores foi acionado e encaminhou os irmãos para uma unidade da Febem. A mãe teve como destino um hospital psiquiátrico.

Roberto deixou a unidade aos 17 anos e, sem orientação, chegou a morar em uma pensão, e a trabalhar como office-boy, tendo, posteriormente, já na fase adulta, cometido crimes, pelos quais chegou a ser condenado a 36 anos de prisão.

Na prisão, passou a estudar Direito como autodidata, o que fez com que sua pena fosse reduzida para um quinto. Em liberdade a partir de 1984, não parou mais de estudar, concluiu o ensino formal, interrompido na quinta série, e graduou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Mato Grosso. Em 1996, tornou-se mestre pela USP, publicando livro “Os filhos do Governo” (Editora Ática) e, em 2001, concluiu seu doutorado pela mesma universidade, com a tese “A eficácia sociopedagógica da pena de privação de liberdade”, obtendo a livre docência em 2009.


 

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