Educação

Jessi Alves: ‘O professor vai além de dar aula, torna-se psicólogo e melhor amigo’

Em entrevista a CartaCapital, a professora de Biologia e criadora de conteúdo contou sobre a sua história e a nova fase após passar pelo BBB

Jessi Alves, professora de Biologia, criadora de conteúdo e ex-BBB. Foto: Iude Richele
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Todos os vírus são uma doença? A evolução de uma espécie é sempre algo positivo? O aquecimento global é uma mentira? Se você assistir ao quadro Jessiologia, no Instagram da influenciadora Jessi Alves, talvez descubra que aprendeu algo de errado sobre esses temas.

Natural da Bahia e criada em Valparaíso de Goiás, Jessi é professora de Biologia e ganhou notoriedade ao participar do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, em 2022. Após uma longa passagem no reality show, a jovem de 27 anos foi a 14ª eliminada.

A sua vida aqui fora, no pós-BBB, já teve direito a desfile na São Paulo Fashion Week e citações em veículos de fofoca, mas a sua aposta mais marcante para a sua nova fase é a criação de conteúdos educativos nas redes sociais.

Em entrevista ao Instagram de CartaCapital, Jessi relembrou os seus tempos nas salas de aula.

Quando criança, era faladeira, gostava de apresentar trabalhos na frente da turma e participar de mobilizações estudantis. A vontade de se comunicar com as pessoas virou uma aliada como professora, sobretudo na hora de lecionar temáticas complexas na sua disciplina.

Jessi afirma que sempre se sentiu envolvida com as histórias dos seus alunos. Chegou a passar um ano e meio no ensino noturno, cujas turmas incluíam estudantes que trabalhavam durante o dia, idosos que haviam retornado para a escola depois de muito tempo e adolescentes que simplesmente não se adaptavam com o período matutino.

Além disso, lecionou para mulheres gestantes e para jovens que se perderam para a criminalidade. Aos 21 anos, sem ter filhos, Jessi chegou a ser perguntada por pais de um aluno sobre como poderia ajudá-los na relação familiar.

“Eu sempre falo que o professor vai muito além de dar aula. Ele acaba se tornando o psicólogo, o melhor amigo, o que vai resolver os problemas mais emergenciais, o que dá conselhos”, afirma.


Defensora das cotas raciais, Jessi critica a falta de presença de pessoas negras no quadro de cientistas do Brasil. No ano passado, ela foi embaixadora de uma campanha da União Nacional dos Estudantes, que pautou a política afirmativa de inclusão de pessoas negras no ensino superior.

“As cotas impactaram diretamente na minha vida. Eu, hoje, sou mestre em Biologia, e se eu pude fazer um mestrado, é porque tinham cotas que me permitiram participar”, declarou.

Em relação à reforma do Ensino Médio, polêmica reorganização das disciplinas que entrou em vigor em 2022, Jessi Alves diz que reconhece as críticas da UNE, das instituições de ensino e da sociedade civil, e afirma que o projeto precisa ser revisto e corrigido antes de ser colocado em prática.

Ao mesmo tempo, ela diz concordar que haja uma reforma para melhorar a qualidade do ensino atualmente.

“Eu não sei se, de fato, deveria ser revogado. Eu não acredito na revogação. Mas eu acho que ainda é preciso ajustar algumas coisas dentro desse novo perfil de ensino”, avalia ela.

Para a educadora, o principal desafio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na educação é a recomposição da aprendizagem, após os atrasos ocorridos no ensino básico durante a pandemia.

“O principal desafio é buscar estratégias para recompor a aprendizagem, que de fato não vai acontecer 100%. A gente perdeu três anos de conteúdo, e isso influenciou diretamente o aluno”, avalia ela.

A entrevista está disponível na íntegra no Instagram de CartaCapital, na aba de vídeos.

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