Educação

Filho de deputada do PSL entra em colégio militar sem passar por teste

Ameaças de morte ao filho motivaram Carla Zambelli a pedir vaga para o garoto no colégio em Brasília

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O filho da deputada do PSL de São Paulo, Carla Zambelli, conseguiu ser matriculado no Colégio Militar de Brasília sem passar pelo tradicional processo de seleção de candidatos. Segundo o despacho decisório publicado no último dia 30, que permitiu a entrada do estudante no sexto ano do Ensino Fundamental, a deputada solicitou a vaga por ter se mudado para Brasília depois de empossada no cargo de deputada. Segundo o documento, ela afirmou que seu pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares. As informações são da Veja.

Segundo apurado pela reportagem, o artigo citado diz apenas que casos considerados especiais poderão ser apreciados pelo Comandante do Exército. De caráter genérico, não trata de questões específicas relacionadas ao acesso de alunos às instituições.

 

Ainda de acordo com a apuração, a possibilidade de matrículas de alunos não aprovados em concurso é citada no artigo 52 do mesmo. O texto diz que o comandante do Exército pode autorizar esses casos “observados os limites de vagas decorrentes da capacidade física e dos recursos humanos e materiais do CM”. As exceções listadas no texto dizem respeito a órfãos de militares ou de filhos de militares que tenham sido transferidos de cidade.

À Veja, Carla Zambelli declarou que pediu a vaga por conta de ameaças sofridas por ela e seu filho. No Twitter, a deputada reforçou que as ameaças de morte ao filho acontecem “pelo simples fato de ter uma mãe que enfrenta o crime organizado e a pedofilia” e que, pela situação, tentou encontrar um colégio que traga segurança ao garoto.

A deputada afirmou que as ameaças partiram de um grupo que estaria ligado a dois massacres ocorridos em escolas brasileiras – o de Realengo, no Rio (em 2011, que deixou treze mortos) e o de Suzano, no Estado de São Paulo (em 2019, com dez mortos).

Ainda de acordo com Zambelli, a polícia paulista considerou que seu filho não estaria seguro em São Paulo, o que a fez decidir levá-lo para Brasília e tentar uma vaga no Colégio Militar. Ela ressaltou que o garoto foi submetido a uma avaliação por parte do colégio e que começou a frequentar as aulas em março ou abril – antes mesmo da autorização formal dada pelo Exército.

Apoiadora do governo Bolsonaro, a deputada já se envolveu em uma polêmica com o ex-deputado federal Jean Wyllys, ao vinculá-lo às redes de pedofilia. Zambelli postou uma declaração mentirosa do deputado em suas redes sociais e, posteriormente, foi condenada a pagar 40 mil reais de indenização, momento em que recorreu a uma vaquinha online para arrecadar o valor.

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