Educação

Estudantes de instituto federal de São Paulo entram em greve por falta de ‘bandejão’

Restaurante estudantil do campus São Paulo está paralisado por falta de contrato; o IFSP apontou uma previsão do restabelecimento do serviço para a segunda-feira 18

Créditos: Reprodução
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Estudantes do Instituto Federal de São Paulo completaram, nesta quinta-feira 14, o segundo dia de paralisação na instituição. Os alunos do campus São Paulo, localizado no bairro do Canindé, região central da cidade, reivindicam o retorno do restaurante estudantil, paralisado desde o início do ano, após o fim do contrato com a empresa que prestava o serviço.

Sem o funcionamento do chamado ‘bandejão’, os estudantes estão sem alimentação na unidade e reclamam de terem que arcar com verbas próprias para se alimentar. No instituto, o custo por refeição aos estudantes matriculados é de R$ 5 reais, almoço ou janta; em caso das duas refeições, a segunda sai por R$ 13.

“Estamos desde o dia 5 de fevereiro, quando voltaram as aulas, sem alimentação”, confirmou à reportagem a estudante Júlia Cristina, 19 anos, que cursa edificações na unidade.

“No início do ano nos deparamos com as portas do restaurante fechadas e fomos avisados apenas três dias antes do retorno da suspensão do serviço”, acrescentou, dizendo que o cenário levou ao início da mobilização estudantil, com uma primeira assembleia realizada em 29 de fevereiro, e a aprovação de uma paralisação de 48 horas, agora em curso.

Em nota encaminhada à reportagem, o Instituto Federal de São Paulo confirmou que o fechamento do restaurante estudantil se deve ao fim do contrato com a empresa Básica.

O instituto disse ainda que o pregão divulgado em 31 de janeiro para contratação de uma nova empresa teve de ser cancelado por instabilidade no sistema de compras do governo federal, o que acabou comprometendo algumas empresas de participar do processo.

“Além dos problemas técnicos do sistema, nesse mesmo período, recebemos a informação do corte orçamentário a partir da efetiva aprovação do orçamento anual por parte do Congresso Nacional o que resultou em cortes orçamentários para o campus, outro fator determinante para o cancelamento do pregão”, acrescentou o instituto.

O Campus São Paulo ainda afirmou que, em paralelo à publicação de um novo processo licitatório, fez uma contratação emergencial para o fornecimento de refeições por um período de três meses, com previsão de restabelecimento do serviço na segunda-feira 18.

Durante a manifestação, os estudantes entregaram uma carta à direção do IFSP, campus São Paulo, reivindicando além da reabertura imediata do bandejão popular, a instalação de uma comissão de acompanhamento do novo processo de licitação.

Além disso, elencaram entre os pedidos: abono de faltas aos estudantes que aderiram à paralisação, retorno das visitas de campo, mais transparência no orçamento e regularização das bolsas de permanência estudantil.

À reportagem, a estudante Júlia Cristina também narrou que os estudantes têm tido dificuldades em receber os recursos do Programa de Auxílio Permanência, que é destinado, prioritariamente, a estudantes em situação de vulnerabilidade social, e garante auxílio para moradia, alimentação e creche. A jovem atrelou o cenário à redução dos recursos dos institutos federais nos últimos anos, especialmente sob o governo Jair Bolsonaro (PL).

“No ano passado, tivemos cerca de 600 estudantes que não conseguiram ser beneficiados com as bolsas. O que a gente identifica é que, a cada ano letivo, aumentam os números de alunos que precisam do subsídio e, nesse cenário, é como se eles tivessem que escolher quem recebe ou não a bolsa”, criticou.

A estudante ainda questionou o fato de os pagamentos dos auxílios não terem data certa para serem pagos, o que acaba trazendo dificuldades para estudantes quitarem despesas como aluguéis.

Na terça-feira 12, o governo federal anunciou a criação de 100 novos institutos federais pelo País até o ano de 2026, último ano do atual mandato do presidente Lula (PT).

O Ministério da Educação anunciou 2,5 bilhões de reais para as novas unidades e 1,4 bilhão para a reforma de unidades já existentes. Atualmente, o Brasil conta com 682 IFs em todos os estados, com pouco mais de 1,5 milhão de estudantes.

Em conversa com a reportagem de CartaCapital, o coordenador do Sindicato dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica em São Paulo (SINASEFE-SP) e professor no Instituto Federal de São Paulo, Rogério de Souza, destacou a medida como um ‘grande feito’ do governo federal, mas ponderou os desafios que ainda devem ser enfrentados para a manutenção da qualidade da educação ofertada pela rede federal, que passa por mais recursos para custear questões de infraestrutura e de pessoal, com a valorização das carreiras.

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