Educação

Doria vai recolher material didático de escolas por ‘ideologia de gênero’

O governador censurou texto que trata sobre sexualidade e identidade de gênero; Bolsonaro afirma que vai pedir ao MEC um PL proibindo o tema

O governador Joao Doria decidiu aderir às escolas militarizadas. Créditos: EBC
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O governador do Estado de São Paulo, João Doria, anunciou que vai recolher material didático direcionado a alunos do 8º ano da rede estadual. A decisão, conforme anunciado no Twitter do governador, teria a ver com um “erro inaceitável”, relacionado à “apologia à ideologia de gênero”.


O conteúdo anunciado como “erro” estaria em uma apostila de Ciências, em um capítulo que trata da “Diversidade de Manifestações e Expressões da Identidade Humana”, segundo divulgou o vereador Toninho Vespoli (PSOL). Ele rebate o governador alegando que o que ele chama de ideologia de gênero é na verdade um estudo sobre identidade de gênero.

“Esse é o termo correto, não venha com sua hipocrisia e mentira de falar de ideologia de gênero. Quer dizer que ensinar as crianças sobre respeito ao outro é um erro?”, criticou em resposta a Doria.

No material, há um texto que aborda a diferença entre sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual.

“O sexo biológico é constituído pelas características fenotípicas (órgãos genitais externos, órgãos reprodutores internos, mamas, barba) e genotípicas (genes masculinos e femininos) presentes em nosso corpo. É importante ressaltar que existem somente dois sexos: XY produz um ser chamado macho e XX um ser chamado fêmea”, traz um trecho do texto.

Em outro, dedicado a explicar a identidade de gênero, o texto coloca que “não é algo dado e, sim, construído por cada indivíduo a partir dos elementos fornecidos por sua cultura: o fato de alguém se sentir masculino e/ou feminino.” E completa: “nesse sentido podemos dizer que ninguém “nasce homem ou mulher, mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida”.


O presidente Jair Bolsonaro também se manifestou sobre o tema dando ênfase à chamada “ideologia de gênero” e novamente cerceando o espaço para que as redes de educação possam desenvolver estudos de gênero e sexualidade com os estudantes. Em um tweet publicado, ele Bolsonaro comunicou que determinou ao MEC a preparação de um “PL que proíba ideologia de gênero no ensino fundamental”.

Segundo justificou a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em nota, o tema “identidade de gênero” está em desacordo com a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em 2017 pelo Ministério da Educação e também com o Novo Currículo Paulista, aprovado em agosto de 2019. “Assim, o assunto extrapola os dois documentos, que tratam do respeito às diferenças e à multiplicidade de visões da nossa sociedade”, disse.

De acordo com as informações divulgadas, as apostilas começam a ser recolhidas das escolas nesta terça-feira, bem como se dará início a apuração de responsabilidade pela aprovação do conteúdo. A secretaria coloca que as apostilas do São Paulo Faz Escola são elaboradas por servidores da rede estadual, desde 2009, que se utilizaram das fontes abertas que dispunham, no caso, de manual do Ministério da Saúde. Também informa que irá reestruturar todo o processo de produção das apostilas e contratar serviço de revisão externa para todos os materiais.

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