Educação
Carlos Decotelli deixa o Ministério da Educação
Falhas no currículo foram cruciais para saída do ministro
O recém nomeado ministro da Educação Carlos Decotelli deixou o Ministério da Educação. Na tarde desta terça-feira 30, ele entregou a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro. A informação é da Folha de S.Paulo.
Substituto de Abraham Weintraub, Decotelli esteve envolvido nos últimos dias em controvérsias sobre a sua formação acadêmica, que atribuía a ele falsamente o título de doutorado e a realização de cursos pós-doutorado no exterior. Ele havia sido contratado no dia 25 de junho e era visto, até então, como um aceno de Bolsonaro para o fim do olavismo na pasta após a saída de Weintraub.
Decotelli já havia trabalhado como diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e, desde então, o MEC informava que o agora ex-ministro havia cursado um pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal, na Alemanha, e que obtinha os títulos de doutor em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e de mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No entanto, as contestações começaram a surgir após o reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci, negar nas redes sociais que o ministro tinha o título certificado pela instituição.
O Ministério da Educação chegou a reafirmar, em nota, a titulação de Decotteli, encaminhando um certificado que mostra o cumprimento dos créditos de doutorado. No entanto, em entrevista ao El País, o reitor afirmou que Carlos Decotelli foi reprovado no exame de qualificação da banca de doutorado na Universidade Nacional de Rosário e por isso não tem o diploma do curso, contrariando o que afirmava em seu currículo. “Ele apresentou uma versão escrita que foi julgada desfavoravelmente pelo júri e, portanto, não pôde fazer sua defesa oral”, disse.
Com o questionamento, novos fatos surgiram nas redes sociais ao longo do final de semana, como acusações de plágio na dissertação de Mestrado. A FGV afirmou que vai apurar a denúncia e que está localizando o orientador do trabalho para buscar informações.
Na segunda-feira 29, a Bergische Universitãt Wuppertal também negou que Decotelli tenha concluído algum curso de pós-doutorado no local. A instituição esclareceu que o ministro conduziu pesquisas na universidade por um período de três meses em 2016, mas não concluiu nenhum programa de pós-doutorado, que, na Alemanha, dura de dois a quatro anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Novo ministro da Educação: Especialistas temem privatização e cortes orçamentários
Por Ana Luiza Basilio
FGV diz que Decotelli não foi professor efetivo da instituição
Por CartaCapital



