O vaidoso STF

Diariamente enfrenta as câmeras da tevê. Peculiaridade nativa

Qual seria a reação de um sioux ao tropeçar na cabeleira de Fux? Já a rainha Carlota Joaquina incomodava-se com a poeira tropical, mas ela e D. João VI contribuíram para o atraso do Brasil – Imagem: Fellipe Sampaio/STF e Museu Histórico Nacional

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O Brasil, mais uma vez, fornece provas da sua capacidade em inovar ou mesmo criar na ausência de modelos internacionais. Refiro-me ao Supremo Tribunal Federal, o único no mundo a se exibir diariamente na televisão. Ninguém conhece o rosto dos juízes supremos dos mais importantes países do globo. Nós aqui temos, por exemplo, a oportunidade invulgar de perceber a alegria de um pele-vermelha americano que tivesse a ventura de tropeçar no escalpo glorioso do atual presidente do STF, Luiz Fux.

Já poderia causar sobressaltos íntimos o fato de que este mesmo Supremo, que digeriu com extrema tranquilidade os golpes praticados pela Lava Jato e pelo Congresso, continue a postos com a pompa habitual ­construída por discursos empolados e amplas togas. Continua a postos, contudo, como se os crimes cometidos no passado tivessem sido esquecidos ou perdoados. É a enésima ­peculiaridade do Brasil brasileiro. Como se não bastasse tudo mais que vem de cambulhada, a começar pela presença de um demente de hospício na Presidência da República.

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4 comentários

FABIO PINTO CAMARGO 7 de fevereiro de 2022 20h58
Discordando do lugar comum onde se diz que Barroso, o Garboso afirmou ter sido golpe o impeachment, ouso afirmar que não foi esse o caso. Ele, de fato, afirmou não ter havido crime de responsabilidade, mas em momento algum falou a palavra golpe. Ele, como outros, defendem que por ter seguido o rito legal não houve golpe, mas um processo legítimo que derrubou uma presidenta por ter perdido apoio político. Eu não concordo, foi golpe. Todavia não devemos iludirmo-nos com sofismas e esquecer que, desde a 13ª Vara Federal de Curitiba, até o STF - na decisão prolatada a favor do aprisionamento após sentença em 2ª instância - passando pelo TRF-4 e pelo STJ, o Judiciário fez o jogo político da Lava-Jato. O que mudou, nada mais é além de que defender a ex-República de Curitiba passou a pegar mal. Moro et caterva estão sendo execrados e, eventualmente, recursos de sentenças condenatórias podem bater às portas dos tribunais superiores. Mas o preconceito, o viés punitivista aplicado contra os que não fazem parte do clube, ainda está lá, latente, à espera da próxima vítima.
FABIO PINTO CAMARGO 7 de fevereiro de 2022 20h30
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 4 de fevereiro de 2022 22h04
Recentemente o ministro Luís Roberto Barroso veio à tona e admitiu que o processo de impeachment de 2016 foi, de fato, um golpe. Com esse triste e lamentável episódio, as consequências oportunizaram na trágica situação em que vive o país e o povo. A operação Lava Jato teve um papel de protagonismo crucial nesse golpe, mais uma tramoia dessas ditas elites ao longo da história do Brasil contra o povo brasileiro, e o STF tem sim a sua participação nisso tudo. Num próximo governo Lula, esperemos que ele acerte em suas indicações e escolha os homens certos e comprometidos com a democracia para os reais desígnios desse pais além da defesa intransigente da Constituição Federal.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 4 de fevereiro de 2022 17h03
Recentemente o ministro Luis Roberto Barroso veio a tona e admitir que o processo de impeachment de 2016 foi, de fato, um golpe. Com esse triste e lamentável episódio, as consequências oportunizaram na trágica situação em que vive o país e o povo. A operação Lava Jato teve um papel de protagonismo crucial nesse golpe, mais uma tramoia dessas ditas elites ao longo da história do Brasil no povo brasileiro e o STF, tem sim a sua participação nisso tudo. Num próximo governo Lula, esperemos que ele acerte suas indicações e escolha os homens certos e, de fato, comprometidos com a democracia para desígnios desse país.

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