Editorial
Cruzada cômica
Bolsonaro aposta nos evangélicos com determinação igual à de Barbarossa no caminho do Santo Sepulcro
Pergunto aos meus solertes botões se Pedro, o Eremita, arauto da primeira Cruzada, já chegou incógnito ou ainda espera para contar ao cabo com o espaço devido. De todo modo, estamos no Brasil às vésperas da nona Cruzada, com a diferença de cerca de um milênio entre a oitava e a atual. Ao longo do caminho teremos de lamentar tardiamente o falecimento de Frederico Barbarossa, afogado em um rio traidor a caminho de Jerusalém, tragado pelas águas devido ao peso da armadura teimosamente envergada em qualquer circunstância.
Consta que Barbarossa não perdia a oportunidade de se cobrir de ferro a desafiar o destino. De certos ângulos, Bolsonaro lembra o imperador ao menos na determinação granítica de conquistar as eleições presidenciais de outubro próximo em lugar do Santo Sepulcro. Não lhe falta empenho igual ao do poderoso senhor capaz de mandar no Sagrado Romano Império. A tática do energúmeno demente é, porém, outra, de sorte a convocar os gentios evangelistas a engajar-se na luta.
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