Brasil mitológico

A democracia está na boca de todos, embora não possa vingar no país mais desigual do mundo

Bolsonaro promove a motociata na Disney de Orlando. Homenageia Mickey ou Tio Patinhas? - Imagem: Alan Santos/PR

Apoie Siga-nos no

Todos falam em democracia neste país que nunca a conheceu e, sobretudo, a praticou. Em Atenas, no fim do século IV a.C., o líder Péricles tudo sabia dela e que sua eterna definição é o regime do povo para o povo e pelo povo. Dos jornalistas esportivos, alguns dotados da certeza de serem os melhores do mundo, as autoridades entre as quais destaco Arthur Lira, presidente da Câmara, figura magnífica para interpretar o filme de Kurosawa, Homem Mau Dorme Bem, sem falar de Luiz Fux, aquele que faria a felicidade do sioux em busca de escalpos, chamado a ministrar a Justiça, mas, impávido, caminha no sentido oposto. Mais um detalhe relacionado à figura: comoventes os rapapés que dedicou a Bolsonaro.

Absolvido Lula de todas as acusações apresentadas pela torpe figura de Sergio Moro, pelo próprio STF, Fux diz nestes dias: “Foi inocentado, mas corrupção houve”. De resto, como seria possível a democracia no país mais desigual do mundo, onde casa-grande e senzala incumbem-se de manter intacta a sua medievalidade. Acabrunhadora a história do poder que as Forças Armadas exercem com absoluta tranquilidade na história nativa, desde o golpe destinado a derrubar a monarquia para impor a república, da qual os primeiros presidentes foram Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, ambos generais.

Ele é bom na prática da injustiça – Imagem: Nelson Jr./STF

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

2 comentários

JOSE CARLOS GAMA 21 de junho de 2022 22h13
O ministro Fux fala com tanta certeza sobre possível corrupção no governos do PT que seria impossível não tivesse havido tal insistência deixa claro que em todos os governos republicanos ou não sempre houve corrupção neste país. É como disse Dilma Rousseff: Essa....ha!! é uma velha senhora....
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 17 de junho de 2022 13h43
De fato, caro Mino, ninguém melhor do que o ateniense Péricles definiu melhor o que é a Democracia. Aqui, quando falam, dizem de forma leviana e hipócrita. Penso que chegamos ao fundo do poço com Bolsonaro no poder. Não há mais o que esperar desse governo a não ser destruição do país , fome, miséria, mortes e assassinatos seja dos pobres, negros, indígenas, indigenistas, sindicalistas e todos que lutam por uma causa justa nesse país. Depois do que vimos acontecer com Bruno Pereira e Dom Philips, ficou claro quem são os nossos heróis de verdade e os heróis fabricados pela mídia e pelos enganadores de um povo sem cultura e sem consciência. De fato, o Duque de Caxias foi um assassino na guerra do Paraguay e um militar torturador e ainda ensinam nas escolas que ele foi um Pacificador e o Marechal de Ferro, Patrono do Exército, mas pacificador que reprimiu intensamente a revolução farroupilha no RS, Balaiada no MA, dentre outras revoltas populares que se voltaram contra as elites da época . Não passa de uma versão antiga do tal Carlos Alberto Brilhante Ustra , um militar dos mais assassinos e covardes da ditadura militar de 64. Já Moro, esse ser é uma piada de mau gosto, que representou o carcomido Judiciário que deu o golpe de 2016, criou uma crise econômica. Moro caiu no colo de Bolsonaro, mas logo foi descartado pelo ex capitão que sempre o utilizou como um capanga para realizar o serviço sujo , eis que que quando ministro da Justiça se prestou e se dispôs a exonerar Bruno Pereira do cargo na FUNAI, mas por não dar prosseguimento dos intentos do presidente foi também exonerado do cargo de ministro da Justiça. Hoje, desmascarado, Moro agoniza almejando e sondando uma disputa em qualquer espaço no legislativo no Paraná. O país de Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Luís Carlos Prestes, Carlos Lamarca, Marighela, Darcy RIbeiro, Florestan Fernandes, Chico Mendes, dentre outros até Bruno Pereira e Dom Phillips tem a sua mitologia invertida quando chama um Jair Bolsonaro de mito.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.