Economia

Temor chega à Europa e ações do Credit Suisse desabam

Outros grandes bancos europeus tombaram, a exemplo dos franceses Société Générale e BNP Paribas, com quedas superiores a 10%

Foto: Fabrice COFFRINI/AFP
Apoie Siga-nos no

O temor de uma crise internacional no setor bancário ganhou impulso nesta quarta-feira 15, dia em que as ações do poderoso Credit Suisse despencaram quase 14%. Ao longo do dia, a queda se aproximou dos 30%.

Outros grandes bancos europeus tombaram no pregão, a exemplo dos franceses Société Générale SA e BNP Paribas SA, com quedas superiores a 10%.

O colapso no banco suíço se acelerou após seu principal acionista, o Banco Nacional Saudita, se recusar a ampliar sua participação no capital. Questionado pela Bloomberg se poderia investir mais dinheiro, seu presidente, Amar Al Judairy, respondeu: “Absolutamente não, por várias razões cada vez mais simples, que são regulatórias e estatutárias”.

A companhia saudita controla, hoje, 9,8% do banco suíço. “Se passarmos de 10%, uma série de novas regras entra em vigor”, alegou Al Judairy.

O pessimismo global chegou a atingir o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Por volta das 14h, ele recuava 1,55%, mas se recuperou parcialmente e passou a operar perto da estabilidade. Já o dólar subiu 0,73%, a 5,29 reais.

Os principais índices de ações globais estão em baixa, principalmente na Europa. O Euro Stoxx 600 caiu 3%, enquanto o FTSE 100, da Bolsa de Londres, tombou quase 4%.

A queda do Credit Suisse se soma à preocupação internacional com a falência do Silicon Valley Bank, dos Estados Unidos, no final da semana passada. Nesta quarta, o presidente-executivo da maior gestora de ativos do mundo alertou que o colapso do SVB poderia ser apenas o começo de uma “lenta crise” no sistema financeiro norte-americano, com “mais convulsões e fechamentos”.

“É muito cedo para saber quão generalizado é o dano”, escreveu o CEO Larry Fink em carta a investidores. “A resposta regulatória até agora foi rápida e ações decisivas ajudaram a evitar riscos de contágio. Mas os mercados permanecem no limite.”

Já a queda nas ações do Credit Suisse indica que “os investidores julgam que o banco precisa ser resgatado”, disse ao Wall Street Journal Joost Beaumont, chefe de pesquisa bancária do banco holandês ABN Amro. “Se os reguladores não lidarem bem com a situação do Credit Suisse, isso causará ondas de choque em todo o setor. Para piorar as coisas, ambos os lados do Atlântico têm problemas bancários.”

O Credit Suisse é o segundo maior banco da Suíça, atrás apenas do UBS Group AG. Ele contava com ativos de cerca de 580 bilhões de dólares no final de 2022, mais que o dobro do tamanho do Silicon Valley Bank.

A instituição registrou, porém, um prejuízo líquido de quase 8 bilhões de dólares no ano passado. Foi o pior resultado de um banco suíço desde a crise financeira de 2008.

Mesmo assim, o presidente do banco, Axel Lehmann, descartou ser necessária uma ajuda governamental.

“Este não é um tema”, afirmou durante uma conferência do setor bancário na Arábia Saudita. “Temos índices financeiros sólidos, um balanço sólido.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo