Economia

Tebet diz que reforma tributária ‘nunca esteve tão madura’ como neste ano

Ministra disse estar ‘surpresa’ com a parceria que estabeleceu com Haddad

Simone Tebet e Lula. Foto: Nelson Almeida/AFP
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A ministra do Planejamento e do Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou neste sábado a uma platéria de autoridades, empresários e investidores que o projeto da reforma tributária nunca esteve tão maduro para ser votado e reafirmou que é a prioridade da pauta econômica do governo Lula.

— É minha responsabilidade no Ministério do Planejamento dizer se temos recursos ou não, quais são as prioridades de acordo com o plano de governo e se teremos espaço fiscal. O Brasil só vai voltar a crescer quando nós realmente fizermos o dever de casa e isso passa por (…) pela reforma tributária. Nunca ela esteve tão madura para ser votada como neste ano. Isso é uma sinalização extremamente positiva — disse.

O discurso foi feito em participação remota da ministra em um evento do Lide em Lisboa. Tebet participou de um painel em que estavam presentes também o ex-presidente Michel Temer (MDB); o governador do Rio, Cláudio Castro (PL); o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); e nomes da iniciativa privada como Abilio Diniz (Península), Luiza Trabajo (Magazine Luiza), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), e Isaac Sidney (Febraban).

— Temos três grandes missões na área econômica: aprovar a reforma tributária, que há 30 anos tramita e dormita nas gavetas do Congresso; apresentar uma nova âncora fiscal para o Brasil para controlar os gastos e zerar o déficit fiscal que hoje está em torno de 2% do PIB, e, por fim, apresentar ao Brasil o plano plurianual que irá conduzir os destinos do país na economia pelos próximos quatro anos — afirmou Tebet.

A ministra afirmou que ainda não pode dar detalhes sobre as diretrizes do plano, mas prometeu que ele será participativo e terá como base o plano de governo de Lula e as restrições orçamentárias.

Tebet ressaltou que aceitou ser ministra “apesar das diferenças” de visão que tem com Lula, especialmente na área econômica, e destacou estar “surpresa” com a colaboração que tem tido com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda.

— Para a minha surpresa, tenho encontrado na figura de Fernando Haddad um grande parceiro. Apesar de termos visões um pouco diferentes na área econômica, ele sabe da responsabilidade, sabe que o Brasil não vai voltar a crescer com juros de 13,75% ao ano. E só estamos falando de juros a 13,75% ao ano porque nós não fizemos o dever de casa no ano passado, não garantimos a segurança jurídica, a estabilidade, a previsibilidade. E não foi apresentado até então um programa factível de que teremos condições de reduzir esse déficit fiscal.

E acrescentou:

— Estamos nos organizando para isso, além do programa de reestruturação fiscal, apresentado pelo ministro Haddad pelo lado da receita, e uma parte pelo lado da despesa, nós também apresentaremos algumas sugestões em relação a despesas — afirmou.

Apesar dessa colaboração, Tebet mostrou estar ciente de que pode ser vítima de um eventual “fogo amigo” dentro do governo por ser responsável eventualmente por cortar gastos. Ela disse esperar receber alguns “cartões amarelos” devido à posição fiscalista.

— Meu ministério não é fácil, não só pelos embates e do possível fogo amigo, é que é um ministério que tem que, realmente, dizer os nãos. Estamos falando no Brasil de uma confusão fiscal do governo anterior que, preocupado no ano passado com a questão eleitoral, gerou um déficit no Brasil, recorde, de 2% do PIB. Estamos falando que para tentar minimamente estabilizar o crescimento da dívida, precisávamos ter um superávit de 2% do PIB — ressaltou a ministra.

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