A produção industrial do país caiu em oito dos quinze estados analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo dados divulgados pelo órgão nesta quinta-feira 6. De acordo com o instituto, a produção industrial recuou 0,3% na passagem de dezembro para janeiro.
Os resultados mostram que a indústria brasileira ainda se encontra 2,3% abaixo do patamar que estava em fevereiro de 2020, marco do período anterior à pandemia de Covid-19. Além disso, o recuo é de 18,8% em relação ao recorde histórico, alcançado em maio de 2011.
A queda na produção industrial foi especialmente afetada pelo desempenho dos seguintes estados: Rio Grande do Sul (-3,4%), São Paulo (-3,1%) e Mato Grosso (-2%). Em relação a São Paulo, a indústria do estado já tinha experimentado uma queda de 0,8% no mês anterior. Assim, a indústria paulistana acumula uma retração de 3,9% em dois meses. A partir da reformulação da amostra, o IBGE revelou que a participação de São Paulo na produção industrial recuou de 34% para 33%.
No sentido inverso, Espírito Santo e Pernambuco apresentaram as maiores expansões no índice mensal, com 18,6% e 17,3%, respectivamente.
Relação entre queda na produção industrial e altas taxas de juros
A queda na produção industrial, normalmente, pode ser explicada por um conjunto de fatores. Apesar do peso da indústria na produção de riquezas do país, fatores relativos a cada indústria podem ser determinantes para o desempenho. Um fator que contribuiu para a queda do índice de São Paulo, por exemplo, foi o recuo de produção da indústria automobilística.
É o que explica Bernardo Almeida, analista do IBGE. “Esse resultado da indústria paulista, na comparação com dezembro, foi o de maior influência sobre o resultado nacional e foi impactado pelos setores de derivados de petróleo e de veículos”, afirmou Almeida. “[…] Há uma certa cautela na produção do setor, já que o desabastecimento de insumos e o encarecimento de matéria-prima vêm causando impacto no ritmo da produção”, explicou.
Ao afetar os custos de crédito, a alta taxa de juros – no Brasil, atualmente, está em 13,75% – dificulta o financiamento para a indústria. Em dezembro do ano passado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou a Sondagem da Indústria da Construção, apontando que um terço das empresas do setor apontam a elevada taxa de juros como o principal problema desse setor industrial específico.
O alto patamar dos juros no país tem sido motivos de críticas sucessivas do governo Lula (PT) à gestão de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central (BC), mas não só: economistas de respaldo vêm criticando os juros no país, assim como membros do próprio setor industrial.
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