Economia

Produção industrial brasileira cai 0,7% em 2022

Com estagnação em dezembro, desempenho da indústria está 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia e 18,5% abaixo do recorde histórico de 2011

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A produção industrial brasileira recuou 0,7% em 2022, após ter tido variação nula (0,0%) entre novembro e dezembro. Os números do desempenho da indústria nacional foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira 3.

Segundo o instituto, em comparação a dezembro de 2021, a produção industrial recuou 1,3%.

Os dados do IBGE apontaram que, em 2022, os resultados foram negativos em três das quatro grandes econômicas. Entre os bens de consumo duráveis (que não sofrem desgaste imediato, como televisores e automóveis, por exemplo) a queda foi de 3,3%. Já entre os chamados bens intermediários (a exemplo de máquinas e equipamentos da indústria) o recuo foi de 0,7%. Ainda, a produção de bens de capital (que são usados para produzir outros bens) caiu 0,3%. Por fim, os bens de consumo semi ou não duráveis (a exemplo de alimentos e bebidas) tiveram uma queda de 0,2%.

Entre as atividades, as principais quedas foram registradas por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,7%), por produtos de metal (-9%) e por produtos de borracha e de material plástico (-5,7%). No sentido contrário, os produtos derivados de petróleo e biocombustíveis tiveram o crescimento de 6,6%.

Histórico recente

A desaceleração da indústria brasileira repete uma tendência observada nos últimos anos, com exceção de 2021. Em 2019, por exemplo, a indústria do país recuou 1,1%. Em 2020, a queda foi de 4,5%, justificada pelo início da pandemia de Covid-19. Em 2021, a indústria teve alta de 3,9%, mas o próprio IBGE, na figura do seu gerente de pesquisa, André Macedo, reconheceu que a base de comparação de 2021 foi a queda acentuada em 2020.

Assim, no acumulado, a indústria brasileira recuou 2,4% durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Houve queda da produção industrial em três dos quatro anos do seu mandato.

Os números divulgados pelo IBGE indicam que o desempenho da indústria brasileira ainda não conseguiu voltar ao patamar pré-pandemia. Em dezembro de 2022, a indústria está 2,2% abaixo do patamar. Quando comparada ao desempenho histórico, a indústria nacional encontra-se em queda de 18,5% em comparação com o seu recorde, obtido em maio de 2011.  

Em 2022, fatores como a elevação da taxa de juros, a inflação nos alimentos e o aumento do endividamento da população contribuíram para o desempenho negativo da indústria nacional. Sobre a taxa de juros, o Copom confirmou, na última quarta-feira 1, a manutenção da taxa em 13,75%. O percentual mantém o Brasil no topo da lista de países com a maior taxa de juro real do mundo. Na quinta-feira 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão do Copom e afirmou que pode rediscutir a autonomia do Banco Central (BC).

Crescimento no último semestre de 2022

Apesar dos números negativos da indústria no ano e da variação nula em dezembro, o IBGE apontou que há uma leve tendência de crescimento, quando se observa o quarto trimestre de 2022 (com crescimento de 0,5%) e o acumulado do segundo semestre do ano passado (0,7%). A queda de dezembro contrasta com os avanços observados em agosto (2,8%), setembro (0,4%), outubro (1,7%) e novembro (0,9%).

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