Economia

Presidente da Americanas deixa a empresa após encontrar ‘inconsistência’ de R$ 20 bilhões

A dívida pode ser uma das maiores da história do mercado brasileiro; o diretor de relações com investidores, André Covre, também deixou o posto

Foto: Divulgação/Americanas
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Em comunicado ao mercado na quarta-feira 11, a empresa Americanas informou que foram identificadas inconsistências da ordem de 20 bilhões de reais no balanço da companhia, inclusive referentes ao ano de 2022. Segundo o fato relevante, financiamentos contratados pela companhia junto a fornecedores não teriam sido lançados corretamente. Assim, o real endividamento pode, a princípio, ser maior do que a empresa divulgou no seus demonstrativos.

A investigação ainda está em fase preliminar, mas o fato levou à saída do presidente da companhia, Sergio Rial, e do diretor de relações com investidores, André Covre. Eles haviam assumido seus respectivos cargos no último dia 2. O Conselho de Administração da Americanas nomeou, interinamente, o executivo João Guerra como novo CEO e diretor de relações com investidores.

A chegada de Sergio Rial à presidência da Americanas foi a primeira troca de comando da empresa em vinte anos. Rial, que foi presidente do conselho de administração do banco Santander Brasil, substituiu Miguel Gutierrez.

A Americanas informou que Rial continuará prestando suporte aos investidores, atuando como assessor no processo que investigará as “inconsistências”. Os acionistas de referência da Americanas são Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que lideram o fundo de investimentos 3G Capital.

Segundo o comunicado da empresa, as estimativas do endividamento da Americanas com investidores estão sujeitas a confirmação. Somente após os trabalhos de apuração, a ser realizado por auditores independentes, “será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da Companhia”.

“O Conselho de Administração decidiu, ainda, criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, que terá os poderes necessários para a condução de seus trabalhos”, informou a Americanas.

Segundo a Americanas, apesar de não ser possível mensurar, ainda, todos os impactos no balanço, o efeito caixa das inconsistências deve ser imaterial. Desse modo, acredita a empresa, o efeito não é financeiro, mas contábil. Isso não exigiria, por exemplo, que a Americanas retirasse dinheiro do caixa para cobrir a dívida. Em comunicado aos seus funcionários, a empresa informou que possui 8 bilhões de reais em caixa e que dentro do prazo continuará pagando os fornecedores.

O valor de mercado da Americanas gira em torno de 10 bilhões de reais. A divulgação dos resultados de 2022 da companhia está prevista para o final de março. Caso seja confirmado o erro ou a fraude contábil, o rombo de 20 bilhões de reais da Americanas será um dos maiores da história do mercado brasileiro. O caso do banco Panamericano, que foi vendido para o BTG Pactual em 2022, envolveu um rombo da ordem de 4 bilhões de reais. A antiga Via Varejo, proprietária das marcas Casas Bahia e Porto, descobriu, em 2019, uma fraude fiscal de 1,1 bilhão de reais.

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