Petrobras resiste a demitir Castello Branco após intervenção de Bolsonaro

Empresa diz que presidente e diretores têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021

Sede da estatal Petrobras. Foto: Arquivo/Agência Brasil

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Na noite de sexta-feira 19, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o general Silva e Luna como o novo presidente da Petrobras, a empresa divulgou uma nota oficial em que afirma que “Roberto Castello Branco e demais diretores Executivos têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021”.

Por ser uma empresa de capital aberto, a escolha do presidente passa pelo crivo do Conselho de Administração da companhia. Todavia, como acionista controladora da Petrobras, a União é responsável por indicar 6 dos 11 membros do colegiado e, na prática, consegue determinar os rumos da empresa.

 

 

De acordo com a petroleira, o Ministério de Minas e Energia “solicitou providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração”.


A reunião que decidirá sobre a troca da diretoria da petroleira ocorre na próxima terça-feira 23. Há a possibilidade de integrantes do grupo de conselheiros ligados ao mercado financeiro renunciarem.

Atualmente, quem preside o conselho é o almirante Eduardo Bacellar. Além dele, são conselheiros indicados pelo governo: João Cox, Omar Carneiro, Nivio Ziviani, Ruy Flaks Schneider e Paulo Cesar de Souza e Silva.

Os empregados da Petrobras também têm uma indicação, representada por Rosangela Buzanelli Torres.

Os acionistas minoritários têm outros três nomes: Marcelo Mesquita de Siqueira Filho, Leonardo Pietro Antonelli e Rodrigo de Mesquita Pereira.

Após o anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu 28,2 bilhões de reais em valor de mercado só na sexta. A decisão foi alvo de críticas de ex-aliados do presidente.

Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização, afirmou que o governo “não é liberal”.

“Me desculpe, estamos militarizando demais o País”, afirmou em entrevista à CNNBrasil.

“O governo não é liberal e eu acreditei no candidato Bolsonaro. No candidato que falava em privatizar a ‘TV da Dilma’, que é a EBC, a empresa do trem bala, que é a EPL. Ele falava em tirar o estado do cangote do cidadão. Mas foi um discurso de campanha. Eu deixei todos os meus negócios para ir para o governo. Fui motivado pelo desafio espetacular, que era um projeto de Brasil e não do governo”, acrescentou.

Leia a íntegra da nota da Petrobras:

A Petrobras informa que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia, solicitando providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Joaquim Silva e Luna, em substituição a Roberto da Cunha Castello Branco.
Ademais, a União propõe, em função da última Assembleia Geral Ordinária ter adotado o voto múltiplo, que todos os membros do Conselho de Administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria Assembleia Geral Extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos.

O ofício solicita ainda que Joaquim Silva e Luna seja, posteriormente, avaliado pelo Conselho de Administração da Petrobras para o cargo de Presidente.

A Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais Diretores Executivos da empresa tem mandato vigente até o dia 20 de março de 2021.


A Petrobras informa que novos fatos relevantes serão oportunamente divulgados ao mercado.

 

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