Economia
Pés de jabuticabas
A regulamentação da mudança dos impostos do consumo exige atenção com os penduricalhos
O anúncio pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do projeto de tributar os fundos usados por 3,5 mil super-ricos para proteger dos impostos um patrimônio conjunto de 877 bilhões de reais e a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que prefere deixar esse assunto para depois da promulgação da primeira parte da reforma tributária, da carga sobre o consumo, com prazo até dezembro, são um prenúncio da guerra prevista para a segunda etapa do processo, relativa à renda e ao patrimônio. Segundo economistas e parlamentares, ao contrário do que ocorrerá na segunda fase, a reforma dos tributos sobre o consumo, aprovada no começo do mês, estava em discussão há décadas, contava com o apoio maciço dos grandes setores econômicos e da mídia e não mexia com o acúmulo de riqueza.
A segunda etapa da reforma corre, portanto, um risco maior de não dar certo do que a primeira, e algumas armadilhas e cascas de banana colocadas no caminho da regulamentação daquilo que foi aprovado sugerem uma dificuldade muito maior adiante, para tributar os mais ricos.
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