Economia
Para 45% dos brasileiros, Bolsonaro tem muita responsabilidade na alta dos combustíveis
Índice é semelhante aos que atribuem o aumento dos preços à guerra na Ucrânia


A pesquisa do instituto Ipespe, divulgada nesta sexta-feira 25, apontou que 45% dos brasileiros indicam o presidente Jair Bolsonaro como o principal culpado pelo aumento no preço dos combustíveis no Brasil. O índice é exatamente igual ao de quem credita o aumento ao conflito entre Rússia e Ucrânia. (Veja a tabela abaixo).
Só 25% dos entrevistados disseram que o ex-capitão não tem nenhuma responsabilidade sobre o aumento. Outros 25% apontaram que Bolsonaro não é o principal culpado, mas teria uma parcela menor de responsabilidade sobre a alta nos preços. Os índices são de 18% e 30%, respectivamente, quando se referem à guerra no leste europeu.
De acordo com a pesquisa, as desculpas usadas por Bolsonaro têm aderência bem menor na população. Ao todo, só 35% dizem que os governos anteriores, de Lula e Dilma Rousseff, são os responsáveis pelo preço atual. Governadores são apontados como culpados por 39% dos entrevistados. As duas teses são amplamente usadas por Bolsonaro em seus discursos.
Ainda no levantamento, 29% dos eleitores brasileiros indicaram que o Supremo Tribunal Federal teria muita responsabilidade sobre a alta dos combustíveis. A tese também é difundida por Bolsonaro, que alega ter sido impedido pelos ministros da Corte de agir durante a crise causada pelo coronavírus. O argumento, no entanto, não é real, já que o tribunal apenas concedeu autonomia a prefeitos e governadores para tomar medidas de combate ao coronavírus, mas não vetou ações do governo federal.
Veja os resultados:
A pesquisa ainda monitorou a opinião dos eleitores brasileiros sobre os rumos que o Brasil tem tomado na economia sob o comando de Bolsonaro e Paulo Guedes. O desempenho da atual gestão é reprovado por 63% dos brasileiros, que consideram que o País está seguindo ‘o caminho errado’ neste quesito. Só 27% indicaram estar de acordo com a atuação.
Os brasileiros também não se mostraram otimista com a inflação do País. 79% dos entrevistados acreditam que os preços vão piorar em algum nível nos próximos meses. Destes, 33% acreditam em uma piora muito acentuada.
Há ainda um grupo de 77% dos eleitores entrevistados que sentiu que os preços aumentaram muito. O mesmo grupo somava 69% no início deste mês.
A pesquisa entrevistou, por telefone, mil eleitores de todo o País. O levantamento foi realizado entre os dias 21 e 23 de março, depois do mega-aumento anunciado pela Petrobras, e tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais. O nível de confiança da pesquisa é de 95,5%.
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