Economia
O fosso se aprofunda
O avanço da desigualdade, no Brasil e no mundo, só reforça a necessidade de um sistema tributário mais justo
As perspectivas para a maior parte da população mundial são desalentadoras. No ano passado, o Banco Mundial reconheceu que “o avanço global na redução da pobreza extrema foi interrompido” e não seria mais possível cumprir a meta de erradicar a miséria até 2030. O FMI, por sua vez, prevê que um terço das nações estará em recessão em 2023. Pela primeira vez, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, conhecido pela sigla Pnud, constatou que o Índice de Desenvolvimento Humano está em queda em nove de cada dez países. Dedicada ao combate das desigualdades, a Oxfam estima que 1,7 bilhão de trabalhadores em todo o mundo viram a inflação ultrapassar seus salários em 2022. Endividados, os governos nacionais planejam cortes brutais nos gastos públicos.
Uma ínfima minoria não tem, porém, do que se queixar. Nos últimos dois anos, o 1% mais rico amealhou quase dois terços de toda riqueza gerada no período – seis vezes mais que os 7 bilhões de indivíduos que compõem os 90% mais pobres da humanidade. As fortunas bilionárias não param de crescer. Aumentam, em média, 2,7 bilhões de dólares por dia. Sempre disputando as primeiras colocações nos rankings de desigualdade, o Brasil passou a ostentar 284 bilionários na lista da revista Forbes em 2022. No reino da fila do osso, com 33 milhões de cidadãos passando fome, os 3.390 brasileiros mais ricos – o equivalente a 0,0016% da população – detêm 16% de toda a riqueza do País, mais do que 182 milhões de compatriotas (85% do total), segundo dados do Credit Suisse.
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