Os estragos sem precedentes provocados na economia pelo governo Bolsonaro aconteceram em grande escala, transbordaram para o plano político e constituem um ponto vulnerável para quem vencer a disputa do segundo turno, preveem diversos analistas. O legado bolsonarista é uma mutilação tanto da economia quanto da democracia, aponta Juliane Furno, economista-chefe do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, o Iree. “O principal problema causado pelo governo à economia é a retirada de instrumentos que possam garantir a retomada ou a continuidade do desenvolvimento econômico”, observa.
A partir da década de 1990, acrescenta Furno, a regra é esvaziar os Estados nacionais de instrumentos que possibilitam uma política econômica de caráter mais autônomo. Isso significa esvaziá-los também de política e de democracia, por inviabilizar a decisão soberana, através do voto, em relação a que futuro se pretende para o País. “Se não é o Estado, o governo eleito democraticamente, que tem a prerrogativa de legislar sobre isso, quem decide é o mercado, os organismos multilaterais, com regras autoimpostas. Há, portanto, um cerceamento democrático.”
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