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No Congresso, Campos Neto defende ‘autonomia mais ampla’ para o Banco Central
‘Hoje nós vivemos aí a realidade de ter uma autonomia operacional sem ter uma autonomia administrativa e financeira’, criticou o presidente do BC


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reclamou nesta terça-feira 26 de uma suposta falta de autonomia “mais ampla” para a autoridade monetária. A situação, segundo ele, criaria dificuldades para conduzir o dia a dia da instituição.
Campos Neto participou de uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem aos 105 anos do nascimento do economista Roberto Campos, seu avô e criador do BC.
“Hoje nós vivemos aí a realidade de ter uma autonomia operacional sem ter uma autonomia administrativa e financeira e a gente vê a dificuldade que no dia a dia de conduzir o Banco Central sem ter uma autonomia mais ampla”, discursou Campos Neto.
Entrou em vigor em fevereiro do ano passado, após aprovação do Congresso Nacional, uma lei complementar que estabeleceu o modelo de autonomia operacional para o BC. O texto fixou um mandato para os diretores e o presidente e deu liberdade a eles na condução da política monetária.
Como já mostrou CartaCapital, a lei de autonomia do Banco Central divide opiniões entre especialistas e políticos. A defesa da autonomia costuma unir liberais e bolsonaristas, enquanto figuras do campo progressista costumam ser críticos.
De um lado, defende-se maior autonomia ao BC para distanciá-lo de “pressões políticas” que venham do governante no poder. Do outro, critica-se a autonomia por aproximar a instituição da influência dos empresários, independentemente da proposta de política econômica vitoriosa nas urnas.
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