Economia

Lula reforça críticas ao BC e diz que o Brasil não cresce com a Selic em 13,75%

‘Que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar’, afirmou o petista nesta terça-feira 7

Créditos: EVARISTO SA / AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente Lula (PT) voltou a criticar, nesta terça-feira 7, a postura do Banco Central em relação à taxa básica de juros. Durante café da manhã com representantes da mídia alternativa, em Brasília, o petista afirmou não ser possível que o País volte a crescer com a Selic em 13,75% ao ano e se referiu diretamente ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho. Que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste País”, declarou. “Ele tem muita responsabilidade.”

Lula disse não conhecer Campos Neto, com quem esteve apenas uma vez, mas afirmou que partiria do pressuposto de que ele “quer acertar e quer que a economia volte a crescer”. Para que isso aconteça, prosseguiu, “os juros devem ser acessíveis por parte dos investidores brasileiros”.

Segundo o petista, “a culpa é do Banco Central” pela taxa de juros elevada e, “agora, é o Senado que pode trocar o presidente” da instituição.

O último encontro do Comitê de Política Monetária ocorreu em 1º de fevereiro, quando o colegiado optou por manter a Selic em 13,75%, decisão já antecipada pelo mercado. Trata-se do maior nível desde janeiro de 2017. Nas últimas quatro reuniões, o BC decidiu não mexer no índice. Antes, foram 12 elevações seguidas.

Na segunda-feira 6, Lula já havia afirmado não haver “justificativa nenhuma” para a Selic estar em 13,75%. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram à sociedade brasileira”, avaliou o presidente.

Outras figuras de liderança do PT reforçam a ofensiva. A presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, classificou como “crítica” a ata da mais recente reunião do Copom, divulgada nesta terça. A postura do órgão, avalia a petista, difere da conduta adotada nos anos de Jair Bolsonaro (PL).

“A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o ‘mercado’ também aquiesceu”, escreveu Gleisi nas redes sociais.

Na ata a justificar a decisão, o BC mencionou “a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”. Avaliou, porém, que o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo