Economia

Inflação baterá nos 10% em 2021, com Bolsonaro entre a negação e o deboche

Apesar do aumento na projeção do Ipea, a estimativa segue aquém do que espera o mercado financeiro: um IPCA de 10,12%

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada elevou nesta quarta-feira 24 sua projeção para a inflação no Brasil em 2021. Agora, o Ipea avalia que o IPCA deve fechar este ano com alta acumulada de 9,8% (em setembro, previa 8,3%). O teto oficial da meta, já destruído, era de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

Apesar da elevação, a projeção do Ipea segue aquém do que espera o mercado financeiro. Na última segunda-feira 22, o Boletim Focus do Banco Central indicou, pela 33ª semana consecutiva, que o mercado elevou para 10,12% sua estimativa para a inflação de 2021 – uma semana antes, projetava 9,77%.

Em 10 de novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou que a inflação no Brasil voltou a acelerar em outubro e chegou a 10,67% no acumulado em 12 meses, maior índice desde janeiro de 2016. No ano, a taxa tem alta de 8,24% e registrou, no mês passado, elevação de preços em todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados.

Mesmo diante do dramático cenário, o presidente Jair Bolsonaro insiste em se eximir de qualquer responsabilidade pelo avanço galopante dos preços. Na segunda 22, ele tentou mais uma vez culpar governadores que tomaram atitudes para frear a disseminação da Covid-19 no País.

A inflação que está aí é consequência do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’”, repetiu a apoiadores. “Estamos com um problema de inflação. Chegou a 10%. Os alimentos subiram mais que isso. Agora, é no mundo todo, pela política do ‘fique em casa’. Agora que chega a conta, eu sou o culpado? Sou malvadão?”

Bolsonaro tenta reiteradamente ligar a situação brasileira a um movimento global. Mas, como mostrou CartaCapital, essa alegação ignora que a inflação do País é a 3ª mais alta entre as nações do G-20, de acordo com levantamento da Trading Economics, plataforma que analisa os dados históricos e as projeções de quase 200 países.

O monitoramento leva em consideração a inflação acumulada nos últimos 12 meses, até outubro. A pior situação, com sobras, é a da Argentina, onde o índice chega a 52,1%, seguida pela da Turquia, com 19,89%.

Enquanto isso, o Banco Central aperta os cintos na política monetária e diz tentar conter a inflação. No final de outubro, o Copom elevou a taxa de juros básicos, a Selic, de 6,25% para 7,75% ao ano, o que surpreendeu até analistas financeiros. O índice deve fechar 2021 em 9,25% e bater nos 11% em 2022.

Em setembro, apesar de reconhecer o avanço da inflação, Bolsonaro debochou dos impactos sobre a população durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

“Por que aumentou? Não foi só no Brasil, foi no mundo todo, que passou a consumir muito mais. Além de o mundo crescer em média mais de 60 milhões de habitantes por ano, passou a consumir mais, porque o cara ficou mais em casa. ‘Ah, o pessoal passou fome’. Olha, muitos brasileiros passam mal, sei disso. Alguns passam fome? Sim, passam fome. Mas a média dos que passaram a comer mais foi bem maior. Se você lembrar de quanto pesava no ano passado e quanto pesa agora, na média todo mundo engordou um pouco mais. É uma realidade”.

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