Haddad chega à Fazenda após altos e baixos nas urnas e com a confiança de Lula

O ex-prefeito de São Paulo foi o primeiro ministro anunciado por Lula nesta sexta-feira 9

Lula e Fernando Haddad. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lidou na última década com a ascensão ao estrelato no PT ao mesmo tempo em que sofreu decepções em disputas eleitorais.

Figura de confiança do presidente eleito, Haddad atraiu a simpatia do comando do partido por não se recusar a executar tarefas delicadas, como a de substituir Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2018.

Dois anos antes, em 2016, viveu de perto o momento mais difícil enfrentado pelo PT nas últimas décadas. Naquele ano, o partido sofria com o auge da Operação Lava Jato, marcado pelas ações de Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Vivia, também, o processo que levaria à derrubada de Dilma Rousseff da Presidência.

Haddad, então prefeito de São Paulo, sofreu um duro revés em sua tentativa de reeleição. Perdeu ainda no primeiro turno para o tucano João Doria e se tornou alvo de questionamentos de petistas. Foi o momento mais desafiador do professor na vida política.

A chegada à Prefeitura de São Paulo, em 2012, veio na esteira de uma bem-sucedida passagem pelo Ministério da Educação, entre 2005 e 2012 – portanto, em governos de Lula e Dilma. Tem entre suas conquistas a criação do Sistema de Seleção Unificada, o SiSU, a implementação do ProUni e a expansão do FIES e do ENEM.

Haddad também tem entre seus atributos, aos olhos do comando petista, uma boa capacidade de articulação. Foi, por exemplo, uma figura central na estratégia de viabilizar Geraldo Alckmin como vice de Lula. O papel de Haddad na construção da improvável aliança foi confirmado a CartaCapital ainda no fim de 2021 pelo ex-governador paulista Márcio França (PSB).


Neste ano, Haddad se manteve em primeiro lugar nas pesquisas sobre a eleição para o governo de São Paulo, mas foi surpreendido na disputa contra o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A mais recente derrota de Haddad nas urnas, porém, não abalou a confiança de Lula, que, segundo petistas, nunca considerou deixá-lo de fora do primeiro escalão do novo governo.

Nesta sexta-feira 9, antes mesmo do anúncio oficial de que chefiará a Fazenda, Haddad afirmou brevemente a jornalistas que já começaria a montar a sua equipe. Declarou, porém, que não divulgaria nomes nas próximas horas.

Em 25 de novembro, semanas antes de sua nomeação, Haddad representou Lula em eventos considerados testes de fogo, como um almoço na Federação Brasileira de Bancos em que defendeu como prioridade para o início do governo uma reforma tributária.

Na ocasião, ressaltou a importância de empresas públicas e privadas se aliarem em uma luta para recuperar a ciência e a tecnologia no País. Na avaliação dele, o Estado investe cada vez menos, mesmo diante de “uma janela de oportunidade como há muito não se vê”. Mencionou, por exemplo, os problemas enfrentados pelo mundo no setor de energia, em especial após o início da guerra na Ucrânia.

Ele também exaltou a execução de uma agenda para baratear o crédito e torná-lo “uma alavanca de desenvolvimento sustentável”. Ante um cenário de dramático endividamento das famílias, classificou como “tarefa essencial” “adimplência, crédito e acesso ao sistema bancário, porque é um outro pilar de sustentação do desenvolvimento econômico do Brasil”.

Fernando Haddad transmitiu, por fim, “uma mensagem clara” sobre Lula, classificado como “um democrata que nasceu em uma mesa de negociação”.

“Se ele é duro ou mole numa mesa, o papel dele é defender os interesses para os quais foi eleito. Hoje ele é a liderança do Brasil, e precisamos de alguém que saiba fazer negociação, sentar à mesa, sabendo que o objetivo é o melhor resultado para a comunidade. Ele não fará nada que não passe pelos poderes instituídos. Vai dialogar com o Congresso, o Judiciário, a sociedade, em busca do traço fino que vai nos levar à prosperidade. Essa é a vida dele.”

 

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