Economia
Há limites para tudo
Os maiores bancos rejeitam oferecer crédito consignado a beneficiários do Auxílio Brasil


Conjunção astral raríssima alinhou Bradesco, Itaú e o Instituto de Defesa do Consumidor em oposição à oferta de crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro. Os próprios presidentes dos dois maiores bancos privados do País, Octavio de Lazari Júnior (Bradesco) e Jorge Maluhy (Itaú), declararam, em público, que esse tipo de empréstimo é inadequado para pessoas “vulneráveis”. Santander, BMG, Inter e Nubank também notificaram a imprensa de que não vão operar a linha. Segundo o Idec, trata-se de “um retrocesso na luta contra o superendividamento da população, principalmente entre os mais pobres”. A perspectiva é de que os juros cheguem a 79% ou até 98% ao ano. “Como é uma taxa de juros muito alta e uma operação em que os beneficiários terão o auxílio por período definido, entendemos que é melhor não operar na carteira, pois estamos falando de vulneráveis”, afirmou o presidente do Bradesco. Para a coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, o consignado do Auxílio deveria ser operado somente pela Caixa, amparado em um fundo do governo que “teria o intuito de proteger os consumidores vulneráveis da restrição ao acesso a bens básicos de consumo e ao superendividamento”.
Imagem: Redes sociais
O PESO DOS ALUGUÉIS
Imagem: Renato Luiz Ferreira
O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais subiu 1,05% em julho e acumulou alta de 8,65% em 12 meses – acima dos 8,05% registrados em 12 meses até junho, calcula o Instituto Brasileiro de Economia, ligado à Fundação Getulio Vargas. No mês de julho, todas as cidades pesquisadas pela FGV registraram elevação na variação média do aluguel residencial. O maior reajuste ocorreu em Belo Horizonte, aumento de 2,49%. Em 12 meses, os aluguéis na capital mineira ficaram 9,71% mais caros. Nesse período, os maiores aumentos ocorreram no Rio de Janeiro (10,41%) e em São Paulo (8,99%).
ZÉ MARMITA
Uma pesquisa da Sodexo Benefícios e Incentivos, realizada com 3.931 trabalhadores em todo o País entre 13 e 15 de julho, mostra que 65% deles costumam levar marmita para o trabalho, em vez de comer no restaurante e pagar 40,64 reais, na média apurada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador. Dos empregados que costumam almoçar em restaurantes, 17,22% pedem o prato feito, 14,68% vão a restaurante por quilo e só 3% a restaurantes à la carte. Dos que levam marmita, 51,72% o fazem todos os dias e 20,63%, de duas a três vezes por semana.
SUSTENTABILIDADE
Os fundos sustentáveis globais registraram captação líquida de 32,6 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2022, queda de 62% em relação aos 87 bilhões do primeiro trimestre, contabiliza a empresa de informações financeiras Morningstar. Mesmo assim, foram melhores que o mercado mais amplo, que registrou resgate líquido de 280 bilhões de dólares no período. Os ativos de fundos sustentáveis globais encolheram 13,3%, para 2,47 trilhões, menor que a queda de 14,6% para o mercado mais amplo. A Morningstar registrou, ainda, o lançamento de 245 novos fundos sustentáveis no mundo.
ASPIRADOR
A Amazon vai comprar a fabricante de aspiradores robôs iRobot Corp. por cerca de 1,7 bilhão de dólares. A ideia é não só acrescentar mais um eletroeletrônico “inteligente” ao seu carrinho de compras, mas devassar dados das casas que o aspirador Roomba limpa para usá-los no desenvolvimento da chamada “tecnologia doméstica inteligente”. Analistas apontam o início de uma onda de fusões e aquisições liderada por empresas com o caixa abarrotado (como a Amazon, que tem mais de 37 bilhões de dólares disponíveis) em busca de startups com valores deprimidos.
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1221 DE CARTACAPITAL, EM 17 DE AGOSTO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Há limites para tudo”
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