Economia

Governo espera que o BC reduza taxa de juros após decisão sobre combustíveis

‘As taxas de juros do Brasil estão produzindo efeitos perversos sobre a economia’, criticou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Fernando Haddad e Lula. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta terça-feira 28 a taxa básica de juros no País. A Selic, em 13,75% ao ano, está no centro da ofensiva do presidente Lula (PT) contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Ao anunciar a retomada da cobrança de tributos federais sobre a gasolina e o etanol, Haddad afirmou que a adoção das medidas se deve, também, ao fato de o BC encará-las como “condição” para iniciar um processo de redução na Selic.

“As taxas de juros no Brasil estão produzindo muitos malefícios para a nossa economia. Todos nós sabemos, estamos acompanhando isso. As taxas de juros do Brasil são as mais altas do mundo e estão produzindo efeitos perversos sobre a economia”, afirmou o ministro.

O problema, segundo ele, atinge desde o acesso ao crédito até a limitação do crescimento econômico.

“As empresas, o agronegócio, o comércio, a indústria, todo o setor produtivo anseia por isso [queda dos juros]. Portanto, nós estamos dando uma resposta para o setor produtivo de que o governo vai fazer a sua parte, esperando que a autoridade monetária reaja da maneira como previsto nas atas do Banco Central.”

Mais cedo, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, publicou uma nova crítica à condução da política monetária pelo Banco Central. Ela se manifestou sobre a notícia de que a taxa de juros rotativos do cartão de crédito chegou a 411,5% ao ano em janeiro, o maior índice desde agosto de 2017.

“Taxa de juros do cartão de crédito chega a 411,5%! Esse sem dúvida é o maior escândalo. Juros altos, economia desacelerando, população endividada e fica a pergunta. O Banco Central vai assistir cenário se deteriorar e não vai fazer nada?”, escreveu Gleisi nas redes sociais.

Nos últimos dias, Lula tem evitado críticas diretas a Roberto Campos Neto. Em 16 de fevereiro, porém, o presidente  da República reforçou sua oposição à atual política monetária. Em entrevista à CNN Brasil, Lula afirmou não ter “interesse em brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central, que eu pouco conheço”. Fez, no entanto, uma “sugestão” a Campos Neto: “Se ele topar, quando eu for levar o meu governo para visitar os lugares mais miseráveis deste País, vou levá-lo para ele ver. Ele tem de saber que a gente, neste País, tem de governar para as pessoas que mais necessitam”.

O petista também declarou que a chamada autonomia do BC terá de ser revista caso a economia do País não melhore.

“Vamos ver qual a utilidade que a independência do Banco Central teve para este País. Se trouxer coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser autônomo”, disse. “Nunca foi, para mim, uma coisa de princípio. O que eu quero saber é o resultado. Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas se não melhorar, vamos ter que mudar.”

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