Economia

Em meio a prejuízos, Madero congela planos de entrada na Bolsa

Bolsonaristas chegaram a criar campanha de apoio a rede do empresário Luiz Durski Junior, simpatizante do presidente

Junior Durski, bolsonarista dono da rede de lanchonetes Madero - Foto: Guilherme Pupo/Madero/Divulgação
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Apesar da melhora no último trimestre, as condições financeiras Madero do pioraram em 2021. Com isso, os planos de ofertar publicamente as ações do grupo foram adiados.

Em nota publicada nesta sexta-feira 19, a rede de restaurantes informa que, ainda que o prejuízo tenha caído, o capital circulante negativo do grupo é de 818 milhões. Um aumento de 66% do saldo negativo se comparado a dezembro de 2020. 

O Madero anunciou que vem renegociando dívidas com bancos e buscando mais crédito para reduzir a dívida de curto prazo enquanto busca a retomada das vendas nos mesmo níveis pré-pandemia. O plano da rede é de pagar suas obrigações financeiras até setembro de 2022.

“A administração considera que, com as ações tomadas, e aquelas em fase final de desfecho darão as condições necessárias para honrar todos os compromissos assumidos nos próximos 12 meses”, diz na nota.

 

Ainda conforme a nota, o caixa do Madero caiu quase 31% em setembro, em comparação com o final do ano anterior, para 32,5 milhões de reais, causando um aumento na dívida líquida. 

No material divulgado, a empresa responsabiliza a pandemia pelo aumento da dívida e a expansão do grupo. 

A empresa disse que o crescimento na dívida refletiu “a necessidade de suportar as operações durante a segunda onda da pandemia”. Bem como, informa que a dívida cresceu para suportar “a estratégia de expansão da companhia”, que abriu 27 lojas até setembro e investiu na cozinha central da rede. 

Após matéria da revista IstoÉ, em julho, apontar uma possível falência do Madero, apoiadores do presidente mobilizaram uma campanha para ajudar a rede. 

No entanto, o movimento não parece ter surtido efeito e a rede ainda enfrenta uma ‘incerteza relevante’ relacionada com a continuidade da operação, conforme nota explicativa do Grupo.

Apoio bolsonarista

No começo da pandemia, em março de 2020, alinhado ao Presidente Jair Bolsonaro, o dono da rede, o empresário Luiz Durski Junior, criticou as medidas de isolamento social dizendo que o País não poderia parar por conta de “5 ou 7 mil pessoas que morrerão”.

No mês seguinte, o Grupo anunciou a demissão de 600 funcionários. Em meio a críticas, o empresário se disse surpreso com o “sumiço” de clientes. 

Durski encampou ações contra o lockdown em várias cidades e ganhou os holofotes por assumir protagonismo no apoio ao Presidente Jair Bolsonaro, juntamente com outros empresários, como Carlos Wizard e Luciano Hang. 

O empresário também aderiu ao ato golpista promovido pelo presidente contra o Congresso. Em um vídeo no Instagram, Durski diz que está 100% com o presidente e que acha que, embora haja bons congressistas, a maior parte só pensa no lado pessoal.

À época ele afirmou que Bolsonaro estava “fazendo tudo certo no cargo”.

O posicionamento negacionista de Durski faz com que seu sócio, Luciano Huck, vendesse sua participação na rede de lanchonetes.  

Ainda em 2020, a Controladoria Geral da União (CGU) multou o Grupo de restaurantes em 442 mil reais por pagar propina em dinheiro e alimentos a funcionários do Ministério da Agricultura. 

Os funcionários da pasta eram designados para, supostamente, fiscalizar lojas da rede nas cidades de Balsa Nova e Ponta Grossa, no Paraná.

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