Economia
Dinheiro perdido com paraísos fiscais garantiria reajuste de 20% do Bolsa Família
Segundo estudo, Brasil perdeu mais de 44 bilhões de reais em impostos somente em 2020; valor também financiaria Auxílio Brasil de 400 reais
O dinheiro perdido de arrecadação de impostos de multinacionais e milionários que recorrem a paraísos fiscais seria suficiente para financiar o Auxílio Brasil, programa que do governo federal que substitui o Bolsa Família.
De acordo com o estudo da Rede de Justiça Fiscal (Tax Justice Network), o valor perdido referente a impostos corresponde a 8,17 bilhões de dólares. Já o valor aproximado de tributos não pagos por empresas e pessoas físicas que possuem contas offshore é de 298 milhões de dólares.
A quantia também poderia ser usada para reajustar o Bolsa Família em 20% e ampliá-lo para 17 milhões de famílias, além de bancar o Auxílio Brasil com parcelas de 400 reais até dezembro de 2022.
O governo federal tem buscado origem de custeio para a criação do novo programa social por meio da PEC dos Precatórios, que deixaria de pagar parte das dívidas judicias contra a União, abrindo espaço fiscal de 91 bilhões de reais no Orçamento de 2022.
O montante acumulado de valores perdidos também seria suficiente para imunizar a população brasileira com duas doses.
Como mostrou o Pandora Papers, o ministro da Economia, Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, utilizam-se desses mecanismos para driblar a tributação brasileira.
Apesar de não ser ilegal manter contas em paraísos fiscais, leis nacionais impedem que a alta cúpula do governo mantenha dinheiro fora do País.
A pesquisa ainda aponta que novas regras que impedissem a elisão e a evasão fiscal aumentariam a arrecadação, viabilizando a destinação de mais valores a projetos sociais e de distribuição de renda.
Segundo o levantamento, o mundo perde cerca de 483 bilhões de dólares todos os anos com o não pagamento de impostos de multinacionais e empresários titulares de offshores.
Com esse valor, seria possível vacinar a população global contra a Covid-19 com três doses de imunizantes.
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