Economia

Câmara aprova urgência para votar projeto que prorroga desoneração da folha de pagamentos

O texto alivia impostos para empresas de 17 setores; ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se mostrou contrariado

Câmara aprova urgência para votar projeto que prorroga desoneração da folha de pagamentos
Câmara aprova urgência para votar projeto que prorroga desoneração da folha de pagamentos
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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A Câmara aprovou nesta terça-feira 29, por 390 votos a 15, a tramitação sob regime de urgência do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores do empresariado até 2027.

Herança do governo Dilma Rousseff (PT), o projeto vem sendo prorrogado ao longo dos anos como um alívio de impostos para empresas dos setores que supostamente mais empregam no País. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem demonstrado contrariedade com a apreciação da matéria.

Os defensores da medida afirmam que a prorrogação garantirá 9,5 milhões de empregos, porque a perspectiva é de que evite demissões pelas empresas beneficiadas.

O texto também inclui os municípios, com um dispositivo que permitiria às prefeituras o pagamento de tributos previdenciários menores. Haddad disse não ter sido consultado sobre esse trecho.

O receio do governo, no entanto, é da perda de arrecadação. Desde a sua implementação, em 2012, a desoneração da folha já representou um impacto de 139 bilhões de reais nos cofres públicos. Com a nova prorrogação, a estimativa é de uma renúncia de 18 bilhões de reais ao ano.

A base do presidente Lula (PT), no entanto, tem dado sinais trocados sobre a sua posição. Enquanto o ministro da Fazenda se mostra contrariado e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) brada contra a apreciação, a liderança do PT e do governo orientou voto favorável ao pleito.

“O que estão querendo fazer aqui é enterrar de uma vez por todas qualquer pretensão do governo em relação à sua agenda econômica”, afirmou Lindbergh na tribuna. “A gente não sabe o impacto financeiro. Nós estamos estendendo a desoneração de 17 setores empresariais por quatro anos. Isso é mais de 10 bilhões.”

Diferentemente da posição de Lindbergh, líderes do governo foram favoráveis inclusive à inclusão dos municípios, segundo representantes do Centrão. Os parlamentares teriam feito um acordo para dar uma “resposta política à crise dos municípios”, disse o líder do Superbloco, André Figueiredo (PDT-CE).

Questionada por CartaCapital sobre o diálogo com a Fazenda, a relatora da matéria, Any Ortiz (Cidadania-RS), também disse ter a informação de que os representantes do governo são favoráveis. Segundo a deputada, a previsão é de que a votação do mérito ocorra nesta quarta-feira 29.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou a jornalistas que os deputados devem aprovar a prorrogação da desoneração, mas falta encontrar uma “posição negociada” sobre a inclusão dos municípios, que sofre recebe críticas de inconstitucionalidade por mexer na questão previdenciária.

Na entrevista, Lira culpou o governo por não ter feito pressão quando a matéria estava sob análise no Senado. Além disso, relatou queixar de líderes sobre matérias chegam do Senado “muito mal conduzidas pela articulação”.

“O momento que os municípios enfrentam não é fácil, a pressão na Câmara, dos prefeitos, é maior, e nós estamos tentando dar uma solução a este problema”, disse. “O governo não tem efetivamente como cobrar da Câmara dos Deputados o que não realizou no Senado.”

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