Economia

Câmara aprova arcabouço fiscal, sem emenda defendida pelo governo

A Casa já havia avalizado o texto em maio, mas a redação passou por mudanças no Senado. Matéria vai a sanção

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira 22 o arcabouço fiscal, formulado para substituir o teto de gastos imposto ao País sob o governo de Michel Temer. A Casa já havia avalizado o texto em maio, mas a redação passou por mudanças no Senado e teve de ser analisada novamente.

Agora, a matéria vai à sanção do presidente Lula.

O relator na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), manteve duas mudanças feitas pelo Senado: deixou de fora do limite de gastos o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e o Fundo Constitucional do Distrito Federal. A Câmara chancelou a manutenção dessas medidas.

Os deputados derrubaram, porém, uma emenda incluída pelos senadores que permitiria o envio do Orçamento de 2024 com despesas condicionadas ao resultado da inflação. Na prática, o dispositivo poderia abrir uma brecha de até 40 bilhões de reais extras para o governo.

Segundo Cajado, a emenda, sugerida pelo senador Randolfe Rodrigues (AP), é matéria da Lei de Diretrizes Orçamentárias e, portanto, tem de ser encaminhada ao deputado Danilo Fortes (União-CE), relator da LDO.

Além disso, gastos com ciência e tecnologia, que também haviam sido retirados do limite de gastos, voltam para a regra.

O novo marco fiscal garante aumento real dos gastos públicos, limitados, contudo, a uma faixa entre 0,6% e 2,5% do Produto Interno Bruto.

O governo Lula também projeta, a partir do arcabouço, zerar o déficit fiscal no ano que vem. Há, no entanto, uma banda: no cenário mais otimista, um superávit de 0,25% do PIB; no mais pessimista, um buraco de 0,25%.

O resultado primário das contas públicas é formado pelo saldo entre receitas e despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida.

Negociação no Senado incomodou a Câmara

Conforme CartaCapital havia mostrado, a base de Lula priorizava a emenda adicionada por Randolfe, líder do governo no Congresso, por cogitar uma perda bilionária caso fosse rejeitada. Randolfe havia feito o acréscimo quando o texto já estava no Senado, após ter sido votado na Câmara.

Um importante aliado de Lula no Congresso negou que a rejeição da emenda seja uma derrota para o governo, uma vez que, na reunião de líderes, teria sido firmado um acordo para que o dispositivo seja incluído no projeto de LDO.

No entanto, uma insatisfação da Câmara teria motivado a retirada da emenda de Randolfe, segundo um dos aliados do governo. Tanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quanto o relator Cláudio Cajado e deputados de seu entorno teriam reclamado do governo por não ter realizado a devida articulação na Câmara.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo