Economia

As dificuldades com o planejamento

Campanhas eleitorais se resumem a “insights”, “sacadas”, “dicas”, passadas por assessores aos candidatos, mas longe de se constituírem em formas articuladas de planejamento

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Na rede CBN, o comentarista José Luiz Portela fala da importância do planejamento na gestão municipal, da visão sistêmica de saber analisar todos os setores de forma integrada. No seu primeiro discurso, depois de encerrado o primeiro turno, o candidato José Serra faz o mesmo discurso.

Não se trata de coincidência, mas de estratégia de marketing. Portela foi Secretário Estadual de Transportes Metropolitanos na gestão Serra, e é um dos melhores quadros do PSDB paulista. Na CBN, mostra – com enorme competência – como deveria ser a gestão ideal de São Paulo. No palanque, Serra se apresenta como se fosse esse gestor ideal.

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No entanto, há uma distância quilométrica entre a gestão em São Paulo e em alguns locais símbolo: como Pernambuco, com Eduardo Campos, Minas, com Anastasia (em que pese a enorme crise financeira do Estado) e município do Rio, com Eduardo Paes.

Últimos artigos de Luiz Nassif:

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Ter bons quadros nas secretarias é condição necessária, mas não suficiente para o bom resultado. Há que se ter um governante com capacidade de gestão e discernimento para definir as prioridades e as ações de implementação.

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À frente da Secretaria, Portela planejou minuciosamente a questão do transporte na região. Calculou fluxos de transporte, pensou a integração, planejou um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para Santos.

Antes disso, no início do governo Fernando Henrique Cardoso, foi dos poucos quadros do governo com reconhecida competência gerencial. Foi dele o planejamento bem sucedido de distribuir livros didáticos por toda a rede pública, um feito fantástico na época.

No entanto,em São Paulo, grande parte do planejado não saiu do papel, justamente pela incapacidade de Serra de articular as diversas secretarias de Estado, definir prioridades e fazer acontecer.

***

O mesmo aconteceu com a Secretaria de Gestão, criada para supostamente dotar São Paulo de competência gerencial. Na época, foi entregue ao atual Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo, outro quadro precioso do PSDB paulista.

Ora, processos de gestão são horizontais – isto é, atuam sobre todas as secretarias. Qualquer governador minimamente iniciado nos modelos de gestão trataria de organizar uma reunião de todo secretariado e discutir as formas da Secretaria de Gestão atuar em cada um deles, uniformizando ações, indicadores etc.

Beraldo cercou-se de consultores, buscou bons quadros, mas nada aconteceu. Em todo período da Secretaria, Serra não realizou uma reunião sequer com todos os secretários para definir a forma de atuação da Secretaria.

Consequência: nada andou e perdeu-se a possibilidade de São Paulo ao menos dar um passo, ainda que tímido, em direção às modernas ferramentas de gestão.

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Por tudo isso, a impressão que passa é que campanhas eleitorais se resumem a “insights”, “sacadas”, “dicas”,  passadas por assessores aos candidatos, mas longe de se constituírem em formas articuladas de planejamento.

O ponto inicial de qualquer planejamento estratégico é definir o que se pretende com ele.

Experimente consultar o Google e localizar um artigo ou reportagem sequer na qual Serra indicasse o que pretendia fazer de São Paulo. Não se vai encontrar nada. No máximo, algumas declarações soltas, sem contexto e sem consequência.

Na rede CBN, o comentarista José Luiz Portela fala da importância do planejamento na gestão municipal, da visão sistêmica de saber analisar todos os setores de forma integrada. No seu primeiro discurso, depois de encerrado o primeiro turno, o candidato José Serra faz o mesmo discurso.

Não se trata de coincidência, mas de estratégia de marketing. Portela foi Secretário Estadual de Transportes Metropolitanos na gestão Serra, e é um dos melhores quadros do PSDB paulista. Na CBN, mostra – com enorme competência – como deveria ser a gestão ideal de São Paulo. No palanque, Serra se apresenta como se fosse esse gestor ideal.

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No entanto, há uma distância quilométrica entre a gestão em São Paulo e em alguns locais símbolo: como Pernambuco, com Eduardo Campos, Minas, com Anastasia (em que pese a enorme crise financeira do Estado) e município do Rio, com Eduardo Paes.

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