Economia
As críticas de Haddad ao rumo da negociação entre Uruguai e China
O governo de Lacalle Pou busca construir um acordo comercial com o gigante asiático à revelia dos demais membros do Mercosul
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta segunda-feira 30 a tentativa do Uruguai de costurar um acordo comercial com a China à revelia dos demais membros do Mercosul. Segundo o petista, é importante que a negociação ocorra em bloco.
Haddad participou de uma reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, também esteve presente.
“O Lacalle (Luis Lacalle Pou), presidente do Uruguai, está quase pedindo licença para fazer um acordo de livre comércio com a China sozinho. E ele quer o melhor dos mundos: ficar no Mercosul e fazer um acordo de livre comércio com a China. E isso é difícil de conciliar”, disse o ministro na agenda.
Brasil, Argentina e Paraguai entendem que o acordo de fundação do bloco estabelece que qualquer tratado com nações de fora do Mercosul requer a aprovação de todos os membros do grupo.
O Uruguai, por sua vez, alega que Argentina e Brasil já adotaram medidas bilaterais dentro do bloco, como reduções na Tarifa Externa Comum, e sustenta que outras proposições fundadoras, como o estabelecimento de uma união aduaneira ou de um mercado comum, não foram cumpridas.
Na semana passada, Lacalle Pou e o presidente Lula (PT) se reuniram em Montevidéu. “Não brigamos, simplesmente deixamos claros nossos pontos de diferença para avançar e para melhorar a relação de Uruguai e Brasil como membros do Mercosul”, afirmou o uruguaio após o encontro. Ele pediu um Mercosul “moderno, flexível e aberto ao mundo”.
Lula, por sua vez, classificou como “justos” os pedidos para que o bloco se abra mais ao mundo, mas fez ponderações.
“É importante uma maior abertura, a máxima possível. Então, com as ideias de discutir inovação ou renovação do Mercosul estamos de acordo”, disse. “Mas o que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Queremos sentar primeiro com nossos técnicos, depois com nossos ministros e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar o que for necessário renovar.”
O petista também declarou que uma alternativa seria uma ação conjunta do Mercosul para conduzir a uma abertura comercial. Esse tratado, porém, deveria ocorrer somente após a finalização do acordo entre o bloco e a União Europeia, que se arrasta há décadas.
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