Economia
Após receber críticas por juros altos, Banco Central separa R$ 30 milhões para gastar com propagandas
Órgão aguarda apenas a assinatura de contrato com a agência de publicidade Binder Comunicação
Desde o início do ano, o Banco Central (BC) se vê envolvido em sucessivas críticas públicas – por membros do governo federal, economistas e setores da indústria – por conta do patamar da taxa de juros no país que, atualmente, está em 13,75% ao ano. Nesse período, o BC finalizou um processo de contratação, através de uma licitação iniciada em 2020, de serviços de publicidade da empresa Binder Comunicação Ltda. O gasto é estimado em 30 milhões de reais.
As fases da contratação da agência pelo BC
- Em setembro de 2020, o Banco Central, já sob a presidência de Roberto Campos Neto, abriu uma concorrência para escolher a agência de publicidade que seria responsável por gerenciar a imagem do órgão. O processo de contratação teve início através da Concorrência n. 72/2020. O procedimento não é incomum no histórico do BC: em anos anteriores, empresas ligadas ao mercado publicitário já prestaram serviços ao órgão;
- Em outubro de 2020, a concorrência foi suspensa. Em comunicado ao mercado, o BC informou que a suspensão era necessária, pela necessidade de revisar o edital. A retomada só veio a acontecer em julho de 2021;
- Com a possibilidade de assinar um contrato de mais de 30 milhões de reais com o BC, nove agências entregaram as suas propostas em novembro de 2021: Artplan, Binder, Brado, Cálix, Conceito, Fields, Heads, Nova/SB e Propeg. As notas da concorrência somente foram reveladas quase um ano depois, em agosto de 2022;
- No dia 27 de fevereiro deste ano, o BC publicou no Diário Oficial da União (DOU) que a Binder Comunicação Ltda. era a “licitante vencedora” da concorrência. O próximo passo será a convocação para a assinatura do contrato.
De acordo com a minuta do contrato presente no edital, o serviço deverá ser prestado por um ano. Questionado por CartaCapital, o Banco Central informou que contratou a empresa vencedora da licitação para prestar serviços publicitários “somente na modalidade utilidade pública”.
“O BC só pagará se efetivamente encomendar algum serviço durante a vigência do contrato. Não há obrigação em contratar, ou seja, o BC não terá qualquer custo se não encomendar serviços. Se decidir fazer, o valor total do contrato estará limitado a R$ 30 milhões”, informou o órgão.
“Campanhas de utilidade pública se limitam àquelas que tem como objetivo informar, orientar, avisar, prevenir ou alertar a população para adotar comportamentos que lhe tragam benefícios sociais reais, visando melhorar a sua qualidade de vida”, disse o BC.
O órgão destaca que as ações de publicidade estarão limitadas a “assuntos relacionados ao meio circulante”, como temas ligados à circulação da moeda, por exemplo. O tema juros não foi mencionado pelo BC em nota.
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