Após queda de 0,5 ponto na Selic, BC projeta novos cortes, mas cobra ‘persecução das metas fiscais’

Todos os diretores votaram pela redução de meio ponto na reunião do Copom finalizada nesta quarta-feira 1º

Brasília, 02/08/2023 - Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Apoie Siga-nos no

Pela terceira vez consecutiva, o Conselho de Política Monetária do Banco Central decidiu reduzir, nesta quarta-feira 1º, a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Com a medida, a Selic passa de 12,75% para 12,25% ao ano, o menor índice desde março de 2022.

Ao divulgar a decisão, o BC avaliou que o conjunto de indicadores domésticos sobre a atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração antecipado pelo Copom.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”

Segundo o BC, porém, a magnitude desse “ciclo de flexibilização” dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.

A nova queda na Selic ocorre após uma forte reação do chamado “mercado” às declarações do presidente Lula (PT) sobre a meta de déficit fiscal zero em 2024. Na sexta 27, durante café da manhã com a imprensa, no qual CartaCapital esteve presente, o petista atribuiu a dificuldade de cumprir o objetivo ao que chamou de “ganância do mercado”.

O comunicado do Banco Central menciona diretamente a polêmica. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.”


O órgão diz ver “fatores de risco” para o aumento ou a queda da inflação. No caso de alta, há menções a uma persistência das pressões inflacionárias globais e a uma resiliência na inflação de serviços. No sentido oposto, o BC aponta uma desaceleração da atividade econômica global e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global.

“O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do que o usual e exige cautela na condução da política monetária”, diz o comunicado.

Diante desse cenário, o BC afirma que o corte de 0,5 ponto percentual “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025”.

Defendeu, também, “serenidade e moderação na condução da política monetária”.

Todos os diretores votaram pela redução de 0,5 ponto nesta quarta: Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.