Pela terceira vez consecutiva, o Conselho de Política Monetária do Banco Central decidiu reduzir, nesta quarta-feira 1º, a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Com a medida, a Selic passa de 12,75% para 12,25% ao ano, o menor índice desde março de 2022.
Ao divulgar a decisão, o BC avaliou que o conjunto de indicadores domésticos sobre a atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração antecipado pelo Copom.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
Segundo o BC, porém, a magnitude desse “ciclo de flexibilização” dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.
A nova queda na Selic ocorre após uma forte reação do chamado “mercado” às declarações do presidente Lula (PT) sobre a meta de déficit fiscal zero em 2024. Na sexta 27, durante café da manhã com a imprensa, no qual CartaCapital esteve presente, o petista atribuiu a dificuldade de cumprir o objetivo ao que chamou de “ganância do mercado”.
O comunicado do Banco Central menciona diretamente a polêmica. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.”
O órgão diz ver “fatores de risco” para o aumento ou a queda da inflação. No caso de alta, há menções a uma persistência das pressões inflacionárias globais e a uma resiliência na inflação de serviços. No sentido oposto, o BC aponta uma desaceleração da atividade econômica global e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global.
“O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do que o usual e exige cautela na condução da política monetária”, diz o comunicado.
Diante desse cenário, o BC afirma que o corte de 0,5 ponto percentual “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025”.
Defendeu, também, “serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Todos os diretores votaram pela redução de 0,5 ponto nesta quarta: Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
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